Prevalência de toxicidades dermatológicas em pacientes com câncer submetidos ao tratamento com imunoterápicos : revisão sistemática e metanálise

Abstract

Nos últimos anos, os inibidores de checkpoint imunológico tornaram-se a opção terapêutica para o tratamento de vários tipos de câncer avançados. Por se tratar de nova terapêutica, seu uso desencadeia toxicidades diferentes daquelas relacionadas a quimioterapia, denominadas eventos adversos imunomediados. Essa toxicidade pode ser manifestada em qualquer órgão, mas a pele parece ser o órgão mais afetado e o primeiro a sofrer os efeitos do tratamento. Esta revisão sistemática teve como objetivo identificar a prevalência de toxicidade dermatológica em pacientes com melanoma em tratamento com inibidores do checkpoint imunológico isolado, combinados entre si ou associados a quimioterapia e/ou radioterapia, através das evidências disponíveis na literatura. As buscas foram realizadas nas bases eletrônicas de dados CINAHL, Cochrane CENTRAL, LILACS, LIVIVO, PubMed, Scopus e Web of Science, a literatura cinzenta foi consultada através do Google Acadêmico e do Open Gray, todos sem restrição de tempo ou idioma. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada por meio do JBI Critical Appraisal Checklist for Studies Reporting Prevalence Data. Foram identificados 9,802 artigos nas bases de dados e incluídos ensaios clínicos e estudos observacionais que descreveram as toxicidades dermatológicas apresentadas pelos pacientes durante o tratamento com inibidores de checkpoint imunológico. A amostra final foi composta por 39 estudos, onde 9,847 pacientes foram avaliados. Os medicamentos utilizados nos estudos analisados foram o ipilimumab, tremelimumab, pembrolizumab e nivolumab, em doses variadas. Os resultados da metanálise demostraram que a toxicidade mais prevalente foi o prurido (17%), seguido de rash cutâneo (12%) e vitiligo (10%). O principal problema metodológico nos estudos incluídos está relacionado ao tamanho da amostra. A qualidade das evidências variou de alta a baixa. Concluiu-se que os eventos adversos imunomediados mais prevalentes são o prurido e a erupção cutânea. Outra toxicidade prevalente foi o vitiligo, evento mais relacionado com os inibidores de PD-1. Em relação à gravidade, a prevalência do prurido, do rash cutâneo e do vitiligo nos graus 1 e 2 foi notadamente maior que nos graus 3 e 4.