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2020_SilviaGonçalvesRicciNeri.pdf4,59 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir
Título : Estudo compreensivo da obesidade como fator de risco para quedas em idosos
Autor : Neri, Silvia Gonçalves Ricci
Orientador(es):: Lima, Ricardo Moreno
Assunto:: Envelhecimento populacional
Obesidade - doenças
Risco de quedas
Idosos - cuidado e tratamento
Fecha de publicación : 26-mar-2021
Citación : NERI, Silvia Gonçalves Ricci. Estudo compreensivo da obesidade como fator de risco para quedas em idosos. 2020. 182 f., il. Tese (Doutorado em Educação Física)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Resumen : Com o avançar da idade, observa-se mudança considerável da composição corporal, caracterizada sobretudo por acúmulo de massa gorda. A obesidade apresenta elevada prevalência em todo o mundo e está associada a um elevado índice de mortalidade, provavelmente mediado por seus efeitos em uma ampla gama de doenças crônicas, como câncer, doenças cardiovasculares e distúrbios musculoesqueléticos. Nesse sentido, o objetivo geral dessa tese foi investigar a associação entre obesidade e ocorrência quedas em indivíduos idosos. Para tanto, foi conduzida uma revisão sistemática com metanálise, um estudo transversal e dois estudos de coorte. Para sumarizar as evidências prévias, uma revisão sistemática e metanálise foi conduzida e reportada no Capítulo 2. Foram realizadas buscas nas bases de dados MEDLINE, Embase, CINAHL, PsycINFO, SPORTDiscus, LILACS e Web of Science para identificar estudos observacionais que avaliaram a associação entre obesidade e desfechos relacionados a quedas em indivíduos com idade superior a 60 anos. Dois revisores independentes efetuaram a extração dos dados e a análise da qualidade dos estudos. Os riscos relativos (RR) e os intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram agrupados utilizando metanálises de efeito randômico. Trinta e um estudos, incluindo um total de 1.758.694 participantes, foram selecionados a partir de 7.815 referências. As estimativas agrupadas demonstraram que idosos obesos possuem um risco de quedas aumentado quando comparados com os seus pares de peso normal (24 estudos; RR: 1,16; IC 95%: 1,07-1,26; I²: 90%). A obesidade também foi relacionada a um risco aumentado de quedas múltiplas (quatro estudos; RR: 1.18; IC 95%: 1.08-1.29; I²: 0%). Não houve evidência, contudo, de associação com lesões relacionadas a quedas (sete estudos; RR: 1.04; IC 95%: 0.92-1.18; I²: 65%). A ocorrência de fraturas foi reportada em apenas um estudo, o qual demonstrou um menor risco de fraturas de quadril relacionado a obesidade (Odds Ratio: 0.65; IC 95%: 0.63-0.68). Apesar da revisão sistemática e metanálise fornecer evidências consistentes de que a obesidade aumenta o risco de quedas, nenhum dos estudos incluídos havia examinado qual seria o melhor índice de adiposidade corporal para predizer tais eventos. Sendo assim, o objetivo do estudo transversal apresentado no Capítulo 3 foi investigar a associação entre medidas de adiposidade corporal, equilíbrio postural, medo de cair e risco de quedas em mulheres idosas. Cento e quarenta e sete participantes foram submetidas à avaliação da composição corporal por meio da absorciometria por dupla emissão de raios X e à avaliação do índice de massa corporal, circunferência da cintura e índice de adiposidade corporal. O equilíbrio postural foi mensurado utilizando uma plataforma de força, enquanto o medo de cair e o risco de quedas foram avaliados pela Escala de Eficácia de Quedas – Internacional e pelo QuickScreen© Clinical Falls Risk Assessment, respectivamente. Todas os índices de adiposidade foram correlacionados com pelo menos um parâmetro de estabilidade postural e com o medo de cair (ρ= 0,163, p< 0,05 a r= 0,337, p< 0,001); no entanto, a circunferência da cintura foi o índice mais fortemente correlacionado ao risco de quedas (ρ = 0,325; p <0,001). Quando a obesidade foi classificada de acordo com a circunferência da cintura, observou-se que, em comparação às participantes não-obesas (n= 51), as obesas (n= 96) exibiram maior deslocamento do centro de pressão nas direções anteroposterior e mediolateral, principalmente nas condições com os pés afastados (p< 0,05). O grupo de obesas também apresentou maior medo de cair (28,04 vs. 24,59; p = 0,002) e exibiu maior proporção de participantes com risco de quedas elevado (72% vs. 35%; p <0,001). Outra lacuna identificada na revisão sistemática e metanálise está relacionada à influência da distribuição de gordura corporal na relação entre obesidade e ocorrência de quedas. Assim, o estudo de coorte apresentado no Capítulo 4 examinou a associação entre obesidade androide e ginoide e a incidência de quedas em mulheres idosas. Inicialmente, 246 participantes foram submetidas à avaliação da composição corporal por meio da absorciometria de raio-X de dupla energia. Com base no percentual de gordura corporal, elas foram classificadas em obesas ou não-obesas (ponto de corte: 42%). O tipo de obesidade foi definido pela razão do percentual de gordura androide/ ginoide (ponto de corte: 0,99). Após um período de seguimento de 18 meses, a ocorrência de quedas foi registrada por meio de inquérito telefônico. Testes qui-quadrado e modelos de regressão de Poisson foram empregados para examinar a associação da obesidade androide e ginoide com a ocorrência de quedas. Duzentos e quatro (83%) participantes completaram o período de seguimento. A proporção de idosas que reportaram quedas foi maior no grupo de obesidade ginoide (n= 27, 41%) do que nos demais grupos (obesidade androide: n= 17, 24%; não-obesas: n= 12, 18%; p= 0.009). Em relação às não-obesas, as participantes com obesidade ginoide exibiram um risco de quedas significativamente maior (RR: 2,20, IC 95%: 1,18-4,11); por outro lado, não foi observada associação significativa para a obesidade androide (RR: 1,38, IC 95%: 0,70- 2,77). Por fim, o estudo de coorte apresentado no Capítulo 5 foi desenhado para examinar os efeitos de fatores biomecânicos como potenciais mediadores da relação entre obesidade e quedas. Inicialmente, 246 mulheres idosas foram submetidas à avaliação da obesidade (índice de massa corporal ≥ 30kg/m²) e à mensuração da qualidade muscular (dinamômetro isocinético e absorciometria por dupla emissão de raios X), cargas plantares (plataforma de pressão) e equilíbrio postural (plataforma de força). A incidência de quedas foi registrada ao final de 18 meses de acompanhamento por meio de inquérito telefônico. Para verificar se os fatores biomecânicos mediaram a relação entre obesidade e quedas, os Efeitos Indiretos Naturais (NIE), Efeitos Diretos Naturais (NDE) e a proporção mediada foram calculados usando o método contrafactual. Duzentos e quatro participantes (83%) completaram o acompanhamento. Como esperado, a obesidade foi associada a um maior risco de quedas (RR: 2,13, IC 95%: 1,39-3,27). Utilizando a abordagem contrafactual, apenas o torque específico (NIE: 1,11, IC 95%: 1,01-1,38) e o pé plano (NIE: 1,10, IC 95%: 1,01-1,32) foram mediadores significativos da relação entre obesidade e quedas. O torque específico e o pé plano mediaram 19% e 21% do relacionamento, respectivamente. De um modo geral, a presente tese fornece evidências de que a obesidade aumenta o risco de quedas em pessoas idosas. No entanto, não há evidências suficientes para concluir que a obesidade esteja associada a lesões ou fraturas relacionadas às quedas. Adicionalmente, os resultados apontam para o fato de que o acúmulo de gordura androide e ginoide desempenham papéis diferentes na relação entre obesidade e quedas. Especificamente, o acúmulo de gordura na região ginoide, e não na região androide, está associado a uma maior incidência de quedas. Dada a alta prevalência da obesidade em todo o mundo e sua associação com quedas, o manejo da obesidade por meio de estratégias de saúde pública se faz urgentemente necessário e pode auxiliar na prevenção de quedas. Além disso, a identificação da obesidade como um complemento a outros fatores de risco já bem estabelecidos pode ajudar a identificar idosos expostos a um maior risco e favorecer a implementação precoce de estratégias preventivas. Digno de nota, indivíduos obesos podem se beneficiar com a inclusão de fortalecimento muscular e de intervenções podológicas como parte de programas de prevenção de quedas, já que a baixa qualidade muscular e aumento do índice de arco plantar durante a marcha foram identificados como mediadores significativos da relação entre obesidade e quedas.
Abstract: A well-documented alteration related to the aging process is fat mass accumulation; currently, a high prevalence of obesity is observed worldwide. Obesity is an established risk factor for all-cause mortality, likely mediated through its effects on a wide range of chronic diseases, including several types of cancer, cardiovascular disease, and musculoskeletal disorders. In this regard, the broad aim of this thesis was to investigate the association between obesity and falls among adults aged 60 years and older. It includes a systematic review with metaanalysis, a cross-sectional study, and two cohort studies. In order to summarize the current evidence, a systematic review meta-analysis was conducted and is reported in Chapter 2. MEDLINE, Embase, CINAHL, PsycINFO, SPORTDiscus, LILACS and Web of Science databases were searched to identify observational studies that assessed the association between obesity and fall-related outcomes in participants aged 60 years and older. Two independent reviewers performed data extraction and quality assessment. Relative risks (RR) and 95% confidence intervals (CI) were pooled using random effect meta-analyses. Thirty-one studies including a total of 1,758,694 participants were selected from 7,815 references. Pooled estimates showed that obese older adults have an increased risk of falls compared to non-obese counterparts (24 studies; RR: 1.16; 95% CI: 1.07-1.26; I²: 90%). Obesity was also associated with an increased risk of multiple falls (four studies; RR: 1.18; 95% CI: 1.08-1.29; I²: 0%). There was no evidence, however, of an association between obesity and fall-related injuries (seven studies; RR: 1.04; 95% CI: 0.92- 1.18; I²: 65%). Fall-related fractures were reported in only one study, which demonstrated a lower risk of hip fracture with obesity (Odds Ratio: 0.65; 95% CI: 0.63-0.68). Although the systematic review and meta-analysis provides consistent evidence that obesity increases the risk of falls, no previous studies have examined the association between different body adiposity measures and risk of falls among older adults. Hence, the aim of the cross-sectional study presented in Chapter 3 was to investigate the association between body adiposity measures, postural balance, fear of falling, and risk of falls in older women. One hundred and forty-seven participants underwent body composition assessment using dualenergy X-ray absorptiometry and had body mass index, waist circumference, and body adiposity index measured. Postural balance was assessed using a force platform, while fear of falling and risk of falls were respectively evaluated by the Falls Efficacy Scale – International and the QuickScreen© Clinical Falls Risk Assessment. All adiposity measures were correlated to at least one postural stability parameter and to fear of falling (ρ= 0.163, p< 0.05 to r= 0.337, p< 0.001); however, waist circumference was the index most strongly correlated to risk of falls (ρ= 0.325; p< 0.001). When obesity was classified using waist circumference, it was observed that compared to non-obese (n= 51), obese individuals (n=96) exhibited greater center of pressure displacement in the anteroposterior and mediolateral axes, especially during conditions with feet apart (p< 0.05). The obese group also exhibited an increased fear of falling (28.04 vs. 24.59; p= 0.002) and had a higher proportion of individuals with increased fall risk (72% vs. 35%; p< 0.001). Other gap identified in the systematic review and meta-analysis is related to the influence of body fat distribution on the risk of falls. Thus, the cohort study presented in Chapter 4 examined the association between android and gynoid obesity and the incidence of falls in women aged 60 years and older. At baseline, 246 participants underwent obesity screening using dual-energy x-ray absorptiometry. Participants identified as obese (body fat percentage > 42%) were classified as android or gynoid type based on the median of the of the androidgynoid fat percent ratio (0.99). Incident falls were recorded at the end of the 18-month followup period via participant recall. Chi-square test and modified Poisson regression were used to examine the association between obesity and falls. Two hundred four participants (83%) completed the follow-up. The gynoid obese group exhibited greater proportion of fallers (n= 27, 41%) than the android obese (n= 17, 24%) and non-obese (n= 12, 18%) groups (p= 0.009). Compared to non-obese women, participants with gynoid obesity were more likely to experience a fall (relative risk: 2.20, 95% confidence interval: 1.18- 4.11). No significant association was found to android obesity (RR: 1.38, 95% CI: 0.70-2.77). Finally, the cohort study presented in Chapter 5 was designed to examine the effects of biomechanical factors as potential mediators of the relationship between obesity and falls. At baseline, 246 female participants underwent obesity screening (body mass index ≥ 30kg/m²), and measurements of muscle quality (isokinetic dynamometer and dual-energy X-ray absorptiometry), foot loads (pressure platform) and postural balance (force platform). Incident falls were recorded at the end of the 18-month follow-up period via participant recall. To test whether, and to what extent, biomechanical factors mediated the relationship between obesity and falls, the Natural Indirect Effects (NIE), Natural Direct Effects (NDE) and proportion mediated were calculated using the counterfactual approach. Two hundred four participants (83%) completed the follow-up. As expected, obesity was associated with a higher risk of being a faller (RR: 2.13, 95% CI: 1.39-3.27). Using the counterfactual approach, only specific torque (NIE: 1.11, 95% CI: 1.01-1.38) and flatfoot (NIE: 1.10, 95% CI: 1.01-1.32) were significant mediators of the relationship between obesity and falls. Specific torque and flatfoot mediated 19% and 21% of the relationship, respectively. Overall, the results of this thesis provide evidence that obesity increases the risk of falls in people aged 60 years and older. However, there is insufficient evidence to conclude that obesity is associated with fall-related injuries or fractures. Moreover, it brings the novel insight that android and gynoid fat accumulation play different roles in the relationship between obesity and falls. Specifically, fat mass accumulation in the gynoid region rather than android region is associated to a greater incidence of falls. Given the high prevalence of obesity worldwide and its association with falls, addressing obesity via public health strategies is urgently needed and it may play a role in preventing falls. Furthermore, the screening of obesity as a supplement to other risk factors for falls may help to identify older adults at a greater risk of falling and to prompt early implementation of falls prevention programs. Since specific torque and being flatfooted were identified as significant mediator of the relationship between obesity and falls, the inclusion of muscle strengthening and podiatry intervention as part of a fall prevention program may benefit this population.
metadata.dc.description.unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)
Descripción : Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, 2020.
metadata.dc.description.ppg: Programa de Pós-Graduação em Educação Física
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Agência financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Aparece en las colecciones: Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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