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Título: O processo criador da criança com autismo em espaços brincantes : imaginação-emoção e o coletivo
Autor(es): Ribas, Luana de Melo
Orientador(es): Mietto, Gabriela Sousa de Melo
Assunto: Autismo
Brincadeiras
Educação infantil
Inclusão escolar
Data de publicação: 13-Ago-2021
Referência: RIBAS, Luana de Melo. O processo criador da criança com autismo em espaços brincantes: imaginação-emoção e o coletivo. 2021.212 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Resumo: A brincadeira se constitui socialmente e é a atividade guia da primeira infância; é a partir dela que a criança toma consciência do seu mundo. Com isso, torna-se pertinente perguntar como e com o quê brincam as crianças com autismo (Transtorno do Espectro Autista-TEA), já que o mais recente manual de diagnóstico, o DSM-V, as caracteriza com dificuldades que perpassam a comunicação e as habilidades sociais. Tendo em vista que as características descritas no diagnóstico são fundamentais no brincar e que essa atividade é essencial no desenvolvimento humano, é preciso questionar tais afirmações. Assim, tendo como principal referência a Teoria Histórico-Cultural, este trabalho teve como objetivo analisar os processos criadores de crianças com autismo e a importância de espaços brincantes, através de observação triádica criança com autismo-objeto/brinquedo-outro. Interessou compreender como se dá o processo imaginação- emoção na brincadeira de faz de conta dessas crianças, e o que impulsiona seus processos criadores, além de entender o papel do coletivo na vivência da criança com autismo em espaço escolar, observando contextos escolares distintos. A pesquisa teve como base o Materialismo Histórico-Dialético e a Teoria Fundamentada em Dados, com análise microgenética. O estudo foi conduzido em uma escola pública de Educação Infantil de Brasília. Participaram dois meninos com autismo, ambos com 4 anos, um deles inserido em uma classe junto a crianças de desenvolvimento típico e o outro em Classe Especial, separado de seus pares de desenvolvimento. A pesquisa foi construída em 3 etapas: 1a ) Foram feitas observações com registro em diário da pesquisadora para identificar a rotina escolar e os brinquedos disponibilizados em cada classe, além de entrevista com responsáveis das crianças com autismo; 2a ) Foram observadas, através de videogravações posteriormente transcritas e analisadas, as relações triádicas criança com autismo-objeto/brinquedo-outro (sendo esse outro professoras ou colegas) – em quatro momentos: i) brincadeira livre, com objetos/brinquedos disponíveis nas respectivas classes; ii) brincadeira livre, com objetos/brinquedos disponibilizados pela pesquisadora; iii) situações de brincadeiras com mediação das professoras em suas respectivas salas e objetos/brinquedos disponibilizados pela pesquisadora; e iv) criança da Classe Especial em vivência na Integração Inversa com os objetos/brinquedos disponibilizados pela pesquisadora; 3a ) foram feitas três observações complementares com videogravações (analisadas no Software ELAN): i) brincadeira livre na Integração Inversa e os objetos/brinquedos disponíveis na classe; ii) brincadeira livre na Classe Especial, e os objetos/brinquedos disponíveis na classe; e iii) criança da Classe Especial em interação com a Integração Inversa, considerando os objetos/brinquedos disponíveis na Integração Inversa. Os resultados mostram conteúdos imaginativos no brincar das crianças com autismo, embora nem sempre hegemônicos, considerando suas singularidades. Destacou-se o papel do objeto/brinquedo como ponte comunicativa nas relações triádicas, mas principalmente a agencialidade das crianças pares de desenvolvimento como fundamental para potencializar a emergência dos processos criadores das crianças observadas. Identificaram-se diferenças significativas nos brinquedos disponibilizados para a criança com autismo da Classe Especial em comparação à classe em que têm os pares de desenvolvimento típico. O papel das professoras como organizadoras da sala de aula torna-se decisório na construção de um espaço propício de brincadeira, além da importância de vivências em coletivo com crianças sem o diagnóstico. Dessa forma, torna-se fundamental a existência de espaços brincantes – brinquedos adequados, espaço físico disponível e tempo intencional direcionado ao brincar – dentro do contexto escolar. O estudo se mostra relevante tendo em vista o debate ainda existente no Brasil sobre inclusão escolar de crianças com desenvolvimento. Conclui-se que, para que os direitos de brincar e interagir sejam garantidos, o acesso à escola deve ser integral, propiciando possibilidades de desenvolvimento a todas as crianças de forma plena.
Abstract: Playing is socially constituted and it is the guiding activity of early childhood; through playing the child becomes aware of the world. For that reason, it becomes pertinent to ask how and with what children with autism (Autism Spectrum Disorder - ASD) play, since the most recent diagnostic manual, the DSM-V, characterizes them with difficulties that pervade communication and social skills. Bearing in mind that the characteristics described in the diagnosis are essential in playing and that this activity is essential in human development, such statements ought to be questioned. Thus, having as main reference the Historical-Cultural Theory, this work aimed to analyze the creating processes of children with autism and the importance of playing spaces, through triadic observation of children with autism-object/ toy-other. The point of interest was to understand the imagination-emotion in the make-believe game of these children, to identify how they occur and what drives their creating processes, in addition to understanding the role of the collective in the experience of the child with autism in school, observing distinct schoolchildren contexts. The research was based on Historical-Dialectic Materialism and Grounded Theory, with microgenetic analysis. The study was conducted at a public kindergarten school in Brasília. Two boys with autism participated, both aged 4, one of them in a class with children of typical development and the other, in a Special Class, separated from their development peers. The research was built in three stages: 1st) Observations were made on a research diary in order to identify the school routine and the toys available in each classroom, in addition to interviews with guardians of children with autism; 2nd) The triadic relationships between children with autism-object/ toy-other – teachers or colleagues – were observed through video recordings that were later transcribed and analyzed in four moments: i) free play, with the objects/ toys available in the respective classrooms; ii) free play, with objects/ toys provided by the researcher; iii) games with teacher mediation in their respective classrooms and objects/ toys provided by the researcher; and iv) Special Class child living in Inverse Integration with the objects/ toys provided by the researcher; 3 rd) Three complementary observations were made with video recordings (which were analyzed in the ELAN Software): i) free play in Inverse Integration and the objects/ toys available in the classroom; ii) free play in the Special Class, and the objects/ toys available in the classroom; and iii) Special Class child interacting with the Inverse Integration, considering the objects/ toys available in the Inverse Integration. The results show imaginative content, although not always hegemonic, in children with autism playing, considering their singularities. It was highlighted the role of the object / toy as a communicative bridge in triadic relations was highlighted, but mainly the agency of the peer development children as fundamental to potentiate the emergence of the creative processes of the observed children. Significant differences were identified in the toys made available to the child with autism in the Special Class compared to the class in which they have the pairs of typical developmental. The role of teachers as organizers of the classroom becomes decisive in the construction of a conducive space for play, in addition to the importance of collective experiences with children without the diagnosis. Thus, the existence of playing spaces – adequate toys, available physical space and intentional time directed towards playing – within the school context is fundamental. The study is relevant in view of the debate that still exists in Brazil about the inclusive education of children with atypical development. It is concluded that, in order for the rights to play and interact to be guaranteed, access to school must be integral, providing full development possibilities for all children.
Unidade Acadêmica: Instituto de Psicologia (IP)
Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento (IP PED)
Informações adicionais: Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar, 2021.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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