Desenvolvimento de soquetes de prótese transfemoral com biomaterial látex e sistema de eletromiografia integrado

Abstract

INTRODUÇÃO: A eletromiografia de superfície tem se mostrado promissora para a avaliação da atividade muscular de amputados transfemorais. Porém, além dos problemas relacionados às alterações estruturais do amputado, também ocorrem dificuldades devido à tecnologia assistiva utilizada. O soquete atrapalha a adaptação dos eletrodos ao coto residual e a avaliação concomitante de vários músculos residuais. Por sua vez, a presença de eletrodos e cabos dentro do soquete prejudica o correto funcionamento da interface, influenciando no desempenho e no conforto do indivíduo. Justifica-se a necessidade do desenvolvimento de um soquete com sistema de eletromiografia integrado. O látex é um biomaterial e apresenta características, como: biocompatibilidade, preço reduzido em relação às borrachas sintéticas, facilidade no manuseio e possibilidade de integração de cabos e eletrodos de eletromiografia de superfície. OBJETIVO: Desenvolver e adaptar soquetes de prótese de membro inferior com o uso de biomaterial látex e sistema de eletromiografia de superfície, bem como capturar os sinais elétricos dos músculos residuais do coto. MATERIAIS E MÉTODOS: Projeto de desenvolvimento tecnológico. A amostra é representada por um voluntário do sexo masculino, com amputação transfemoral unilateral e fisicamente ativo. O biomaterial látex foi selecionado como material base para confecção dos soquetes. Para coleta dos sinais de eletromiografia de superfície (EMGs), utilizou-se o eletromiógrafo Miotool USB (Miotec). A avaliação foi realizada nos músculos reto femoral, vasto lateral, bíceps femoral e semitendinoso. A coleta e análise dos sinais eletromiográficos foram realizadas por meio do software MiotecSuite 1.0 e sua interface MioGraph. Para avaliação do voluntário a respeito dos soquetes provados, foi desenvolvido um instrumento simples, contendo questões objetivas com notas de 0 a 10 (sendo 0 a nota mínima e 10 a nota máxima) para os quesitos conforto, mobilidade articular e percepção de sucção. RESULTADOS: O presente estudo foi dividido em quatro etapas principais. A primeira etapa consistiu na preparação dos materiais para a confecção dos protótipos, através de confecção do molde padrão de gesso, testes com biomaterial látex e com fibra de vidro, além de testes de integração de cabos e eletrodos de eletromiografia no protótipo. A segunda etapa englobou a confecção dos diferentes soquetes para prova; a terceira, as provas e avaliações pelo voluntário modelo; e a quarta etapa consistiu na coleta do sinal eletromiográfico. CONCLUSÃO: No presente estudo foram desenvolvidos quatro modelos de soquetes transfemorais de biomaterial látex, sendo um sem integração eletromiográfica e os outros três com diferentes propostas de integração para coleta de sinal eletromiográfico. O biomaterial látex mostrou-se um material adequado para a confecção de soquetes, sendo confortável e de menor custo. Em relação aos soquetes para coleta de sinal EMGs, o Modelo 4, com orifícios para colocação dos eletrodos na pele, apresentou melhor qualidade visual de sinal. Coletas piloto foram realizadas a fim de testar os soquetes produzidos, no entanto, novas coletas ainda são necessárias para aprimoramento dos modelos e da análise do sinal EMGs