Efeitos agudos da atividade de caminhada no equilíbrio postural e na distribuição de pressão plantar em crianças obesas e crianças eutróficas

Abstract

A obesidade é um problema de saúde pública que atinge cada vez mais cedo crianças e adolescentes. Problemas cardiovasculares e metabólicos são comuns em crianças obesas, bem como distúrbios musculoesqueléticos. Esses distúrbios podem ser atribuídos, em parte, às elevadas cargas nas estruturas articulares, podendo afetar o equilíbrio postural e a distribuição de pressão plantar durante o andar. Portanto, o objetivo desse estudo é investigar o comportamento das variáveis do equilíbrio postural e da distribuição de pressão plantar em crianças eutróficas e obesas, antes e após a realização de um teste de caminhada de 6 minutos (6MWT). Participaram 62 crianças de ambos os sexos (37 meninas), com idade entre 7 e 10 anos, recrutadas em escolas do ensino fundamental na rede pública do Distrito Federal. As crianças foram classificadas em grupo eutrófico (n = 42) e grupo obeso (n = 20). As variáveis do equilíbrio postural relacionadas ao deslocamento do centro de pressão (CoP) como a amplitude no eixo médio-lateral, amplitude no eixo ântero-posterior, área 95% e velocidade média foram mensuradas utilizando-se uma plataforma de força (AccuSway Plus, AMTI), em duas condições na posição ortostática, a primeira em superfície estável com olhos abertos e, a segunda, superfície de espuma com olhos fechados. Além disso, foi realizada a avaliação da distribuição de pressão plantar por meio de uma plataforma (EMED, Novel), durante o andar em velocidade autosselecionada. Ambas as avaliações foram realizadas nos momentos antes e imediatamente após a realização do 6MWT. Para a distribuição plantar foram mensurados o pico de pressão plantar (PPP), a força máxima (FM) e a área de contato (AC), em 5 diferentes regiões plantares: calcanhar, mediopé, antepé, hálux e dedos. Na avaliação do equilíbrio postural para a condição de superfície estável com os olhos abertos, as crianças obesas mostraram velocidade do CoP maior no momento pós 6MWT em comparação ao momento pré (p < 0,05), assim como foi observado para a condição de superfície de espuma com olhos fechados (p < 0,05). Crianças eutróficas, quando comparadas entre os momentos pré-teste e pós-teste, em superfície estável, mostraram aumentos significativos no momento pós-teste para a amplitude no eixo médio-lateral do CoP (p < 0,05), assim como para a velocidade do CoP (p < 0,05). Na condição de superfície de espuma com olhos fechados houve efeito de interação tempo x grupo, mostrando que o efeito do 6MWT na velocidade do CoP foi significativamente diferente para ambos os grupos (p = 0,001). Na avaliação da distribuição plantar, quando comparamos os momentos pré e pós 6MWT, as crianças obesas mostraram um valor mais alto para o PPP na região do mediopé no momento pós (p < 0,05). Em relação ao grupo eutrófico, o momento pós foi significativamente diferente do pré-teste para o PPP (p < 0,05), FM (p < 0,05) e AC (p < 0,05) na região do calcanhar, e na FM (p < 0,05) para a região do antepé. Na comparação entre os grupos, PPP, FM e AC foram maiores para a maioria das regiões do pé nas crianças obesas. Dessa forma, verifica-se que o esforço realizado na caminhada causa aumento na velocidade do CoP em crianças obesas, afetando a estabilidade postural. Além disso, cargas plantares tendem a aumentar sob a região do mediopé, podendo trazer desconforto e risco de lesões a longo prazo.