Sequência Arenópolis-Piranhas : evolução de bacia marginal ao Arco Magmático de Goiás

Abstract

A presente dissertação aborda as rochas da porção oeste da Sequência Metavulcanossedimentar de Arenópolis-Piranhas (SMAP), do Arco Magmático de Goiás, com o intuito de caracterizá-la e investigar sua evolução. Para tanto, foram usadas imagens de Amplitude do Sinal Analítico magnético, mapeamento geológico, análise isotópica de Sm e Nd em rocha total e análise geocronológica de grãos detríticos de zircão. A SMAP está exposta na região central da Província Tocantins, próxima ao limite entre as faixas Brasília e Paraguai. Ela é uma faixa de rochas supracrustais, de direção NNW, composta por duas unidades separadas por gnaisse paleoproterozoico (Gnaisse Ribeirão). A Unidade Córrego da Onça aflora a leste e compreende principalmente metabasaltos e metatufos dacíticos a riolíticos, com pequenas lentes de rochas metassedimentares. Por sua vez, a Unidade Córrego do Santo Antônio, exposta a oeste, é composta por pacotes de micaxistos e quartzitos dobrados, imbricados com corpos máfico-ultramáficos alongados na direção NS, com camadas de metacalcário e metachert associadas. Os corpos máfico-ultramáficos da Unidade Córrego do Santo Antônio, de até 20 km de comprimento por 4 km de largura, configuram sequências ofiolíticas, enquanto os metacalcários e metachert representam sedimentos pelágicos depositados sobre a placa oceânica subductante. Os micaxistos e quartzitos assinalam sedimentos depositados em bacias de trincheira. A interpretação da imagem de amplitude do sinal analítico sugere que as rochas da Unidade Córrego do Santo Antônio estão expostas ao longo do limite entre blocos magnéticos distintos. Ademais, o resultado das análises isotópicas de Nd em rocha total corrobora essa interpretação e indica que alguns corpos máfico-ultramáficos apresentam assinatura juvenil (Nd(900) de até +6.16 e TDM de 0.86 Ga). Por sua vez, os grãos detríticos de zircão das amostras analisadas pertencem a uma população predominantemente paleoproterozoica, apenas o pacote exposto mais a oeste exibe elevada contribuição de grãos com idade entre 1,2 Ga. Apesar de uma amostra coletada mais a sul exibir padrão unimodal, com pico de idade semelhante à idade da bacia, típico de bacias formadas em ambiente convergente. Em todas as amostras há apenas diminuta população de grãos neoproterozoicos, e as idades máximas de deposição variam entre ca. 990 Ma, na amostra exposta mais a leste, e ca. 820 Ma, na amostra exposta mais a oeste. Esses resultados sugerem que as rochas da Unidade Córrego do Santo Antônio configuram prisma acrescionário relacionado à subducção que culminou na aglutinação de Gondwana Ocidental. A sedimentação ao longo dessa trincheira durou pelo menos 60 Ma, com registro de importante participação de sedimentos advindos de crosta paleoproterozoica.