A gestão da informação, do registro ao indicador, na Saúde Bucal da Estratégia de Saúde da Família de Anápolis/GO

Abstract

A pesquisa apresenta como a Gestão da Informação (GI) é desenvolvida e qual a influência desta nas tomadas de decisão, relativas ao Planejamento Estratégico, da Saúde Bucal da Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Anápolis/GO. Para atingir tal objetivo foram analisados os seguintes processos: a coleta de dados pelos Cirurgiões-Dentistas, ou seja, como a informação é registrada; o processamento dos dados pelo Setor de Informação para a Atenção Básica (SISAB), e a formação e utilização dos indicadores pelos gestores. A investigação foi conduzida por meio de entrevistas à profissionais da assistência, da Tecnologia da Informação e da Coordenação da Saúde Bucal da ESF de Anápolis/GO; roteiros semiestruturados foram usados como instrumento de coleta de dados e a Análise de Conteúdo de Bardin como técnica de interpretação dos dados coletados. O presente estudo se justifica ao abrir espaço para a discussão da importância da GI no processo de tomada de decisão gerencial dos municípios brasileiros, tendo como base a real situação de sua população, o que facilita o complexo trabalho de fortalecimento das ações e processos de saúde de qualidade no SUS. Os resultados permitiram o entendimento: dos aspectos favoráveis e desfavoráveis dos instrumentos de coleta de dados utilizados pelos profissionais da assistência e o papel das capacitações e da informatização na aceitação ou rejeição desses instrumentos; da logística de agrupamento dos dados pelo SISAB e quais os maiores entraves quando da tabulação desses dados; do processo de formação dos indicadores e o papel deles no planejamento das ações da assistência e da gestão; e das relações interpessoais (assistência-gestão) e intrapessoais (frustação e comprometimento pessoal) na Saúde Bucal da ESF de Anápolis/GO. Portanto, foi possível identificar a ausência de um processo institucionalizado de formação de indicadores de saúde, sendo que a maioria dos dados registrados pelos profissionais da assistência e digitalizados pelo SISAB tem apenas função burocrática e financeira. Consequentemente, as decisões da gestão são automáticas e sem embasamento estatístico ou científico. Além disso, a análise de conteúdo das entrevistas realizadas revelou a dualidade de sentimentos que é trabalhar na saúde pública brasileira, uma mistura de prazer e sofrimento. Outros estudos são necessários para acompanhar a mudança imposta pelo “Previne Brasil”, já que a formação de indicadores de saúde passa a ser obrigatória para o recebimento de recursos financeiros.