Escala de Avaliação de Mobilidade para Equoterapia (EAMEQ) : desenvolvimento e evidências de validade

Abstract

Este estudo teve como objetivo desenvolver e verificar as evidências de validade de um instrumento de avaliação da mobilidade do praticante de equoterapia sobre o cavalo. O método foi dividido em três etapas: 1. Levantamento de dados sobre os efeitos da equoterapia nos diferentes desfechos de funcionalidade e incapacidade e identificação de lacunas no processo de avaliação, por meio de uma revisão sistemática e metanálise; 2. Estudo metodológico de desenvolvimento de um instrumento de avaliação da mobilidade do praticante de equoterapia sobre o cavalo e verificação de evidências de validade; 3. Estudo metodológico de verificação da validade concorrente e responsividade da Escala de Avaliação de Mobilidade para Equoterapia. As coletas destes estudos foram realizadas no período de agosto de 2018 a dezembro de 2019 na Associação Nacional de Equoterapia e alguns centros de equoterapia filiados, nas cinco regiões do Brasil. A amostra dos estudos metodológicos foi composta por crianças e adolescentes com diferentes condições de saúde. Os dados foram analisados e cada etapa do estudo observou as respectivas análises estatísticas: no desenvolvimento da escala utilizou-se a Validade de Conteúdo, com análises por meio do coeficiente de validade de conteúdo (CVC); para a validade de construto, utilizou-se a análise fatorial exploratória, variáveis do modelo de equação estrutural e o Alpha de Cronbach para análise da consistência interna dos itens; para a confiabilidade intra e entre examinadores, o coeficiente de correlação intraclasse. Para análise de validade concorrente, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson (r) e para a responsividade da escala, o teste selecionado foi a ANOVA de medidas repetidas com post-hoc de Sidak. A normalidade dos dados foi analisada utilizando o teste de Shapiro-Wilk. Esses estudos apresentam um marco na forma de avaliar os efeitos da equoterapia. Os resultados da revisão sistemática, de 23 artigos, demonstraram evidências de efeitos positivos da equoterapia na tolerância ao exercício (p=0,004) e qualidade de vida (p<0,0001), com alta confiança nesses efeitos; mobilidade (p=0,002), interações e relacionamentos interpessoais (p<0,0001), com confiança moderada. Não foram identificados estudos que verificassem os efeitos da equoterapia na mobilidade sobre o cavalo, ou seja,

mudanças esperadas nas habilidades de manter e mudar a posição sobre o cavalo e conduzir o animal. O primeiro estudo metodológico resultou na construção da Escala de Avaliação de Mobilidade para Equoterapia (EAMEQ), que apresentou boa confiabilidade interexaminador (coeficiente de correlação intraclasse: 0,991-0,999) e intraexaminador (coeficiente de correlação intraclasse: 0,997-1,0), com excelente consistência interna (α de Cronbach: 0,937-0,999). A análise fatorial exploratória agrupou os itens da EAMEQ em um fator. Conclui-se que o instrumento desenvolvido é teoricamente consistente e pode ser considerado adequado e confiável para uso. A escala poderá contribuir para a avaliação da mobilidade do praticante de equoterapia sobre o cavalo, além de uniformizar a prática e homogeneizar os desfechos. No segundo estudo metodológico foi identificado que a EAMEQ apresenta boa validade concorrente com o Gross Motor Function Measure (GMFM), r = 0,872 (p < 0,0001), além de boa responsividade ao longo de 15 semanas e três mensurações (no terceiro atendimento, no nono atendimento e no décimo quinto atendimento), F (2.0, 80.0) = 56.00, p < 0,0001. O Post-hoc de Sidak mostrou que os atendimentos em equoterapia diferem em todos os tempos de avaliação. Conclui-se que o instrumento desenvolvido possui boas evidências de validade, todas as propriedades psicométricas testadas foram adequadas ao que se propõe avaliar, a mobilidade do praticante de equoterapia sobre o cavalo.