Separar o THC, concentrar em CBD ou aproveitar a planta inteira? Uma etnografia sobre a fabricação de "medicamentos" na ABRACE (PB)

Abstract

Esta dissertação traz resultados de uma pesquisa etnográfica sobre o processo de fabricação de medicamentos realizada a partir da Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (ABRACE), em João Pessoa (PB). Estabelecendo um diálogo possível entre a “teoria ator-rede” e a noção metodológica de “cadeia operatória”, este trabalho traz à tona um processo que se constitui enquanto tal mediante as relações propostas entre humanos e não-humanos ao longo de suas diferentes etapas. As abordagens a partir das quais reflete esta dissertação dispõem-se de ferramentas teóricas e metodológicas consideradas importantes para os estudos antropológicos – em especial, da ciência e da técnica – envolvendo humanos e não-humanos em suas múltiplas relações, sendo o processo de fabricação de medicamentos o cerne de suas reflexões. Neste sentido, esta dissertação se valida do pressuposto de que seria impossível analisar o funcionamento operatório de um contexto como o da ABRACE sem levar a sério a participação dos diferentes elementos considerados necessários para a transformação de plantas de maconha em produtos medicamentosos, concebidos aqui enquanto objetos sociotécnicos cuja construção se dá ao longo de uma cadeia produtiva envolvendo múltiplas formas (humanas e não-humanas) de existências.