Memória educativa de professores do PNAIC : uma leitura psicanalítica do mal- estar na alfabetização

Abstract

A tarefa de alfabetizar crianças é um fenômeno sociopolítico de alta complexidade, portanto, conduzir a escolarização demanda processo de formação continuada. Esta tese buscou analisar o (im)pacto da política pública Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) na formação de professores alfabetizadores e as (im)possíveis implicações na prática docente, de modo a permitir uma leitura reflexiva e análise crítica do Programa proposto pelo governo federal, iniciado em 2013 e reconfigurado em 2017/2018 em razão do momento político após o processo de impeachment da então presidente Dilma Roussef e a posse do vice-presidente Michel Temer com repercussões inegáveis em órgãos da administração pública como o Ministério da Educação (MEC). Optou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa com ênfase no estudo bibliográfico e na pesquisa documental para coleta e a análise de dados do Programa, que foi uma concepção de política pública de relevância para o País. Os participantes foram professores alfabetizadores que estiveram presentes nas ações do PNAIC. Foram utilizados como procedimentos de pesquisa, o dispositivo da escrita da memória educativa, as entrevistas semiestruturadas, o hypomnemata (caderno de notas) como suporte para a construção e a análise dos dados. O referencial teórico fundamentou-se nos estudos psicanalíticos no campo da educação que inspiraram as interpretações e análises que resultaram em três eixos do estudo: A transferência no ato educativo: desejo de saber; (E)feitos subjetivos na formação docente: marcas de pertencimento; Mal-estar na alfabetização: impasses na constituição do professor. Compreendemos que o ato educativo, em especial, no âmbito da alfabetização, é (des)continuado pelas políticas públicas, mas recriado resilientemente sustentado pela relação entre professores e alunos, implicação do professor cujas marcas subjetivas oferecem campo para interpretação e compreensão dos processos formativos docentes a partir da memória das experiências vivenciadas.