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Título: A distinção de essência e existência : sua gênese e sua discussão em Tomás de Aquino e Duns Scotus
Autor(es): Silva, Carlos Vinícius Sarmento
Orientador(es): Fernandes, Marcos Aurélio
Assunto: Essência (Filosofia)
Existência
Ser (Filosofia)
Tomas, de Aquino, Santo, 1225?-1274
Scotus, John Duns, 1266-1308
Data de publicação: 8-Mar-2022
Referência: SILVA, Carlos Vinícius Sarmento. A distinção de essência e existência: sua gênese e sua discussão em Tomás de Aquino e Duns Scotus. 2021. 192 f., il. Dissertação (Mestrado em Filosofia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Resumo: Durante a alta escolástica, o debate acerca da distinção de essência e existência atraiu o interesse da Filosofia e da Teologia. A essência diz respeito ao “quê” (quid) de uma coisa – aquilo que a determina como “tal coisa”. No entanto, conhecer o quid de algo não nos diz “se” tal ente existe (an sit), exceto se o ente em questão é Aquele cuja essência é o próprio ser. Essa distinção remete ao contraste fundamental entre o Criador (ser necessário), que está acima de qualquer composição ontológica, e o ente criado (ser contingente), cuja existência não é de sua essência. Neste trabalho, investigamos a discussão desse problema em Tomás de Aquino e Duns Scotus. Para isso, buscamos delinear, no Capítulo 1, a gênese do problema: o seu pano de fundo e os principais assuntos que orbitam o debate nas contribuições de Aristóteles, Boécio, dos filósofos árabes e da teologia latina. Em seguida, no Capítulo 2, buscamos compreender como se dá a doutrina da distinctio realis de Tomás de Aquino. Partindo da noção de ente, o Aquinate encontra uma estrutura metafísica na criatura que se dá como uma composição real de potência e ato, participante e participado, essentia e actus essendi. Esta estrutura diz o ens per participationem, que revela a sua dependência para com o Criador, ens per essentiam, que é o próprio ser subsistente (Ipsum Esse). Finalizamos o capítulo expondo o argumento do De ente et essentia, cap. 4, e apresentando duas classificações dos argumentos pela distinção real encontrados no corpus thomisticum. Posteriormente, no Capítulo 3, investigamos de que forma o problema é tratado por Duns Scotus. A noção unívoca de ens na metafísica de Scotus reorienta toda a abordagem da contingência do ente criado levando a uma rejeição da tese da distinção real de essência e existência. Para Scotus, a composição inerente ao ente finito é a de res positiva e privatio. É da carência de algum grau de perfeição da entidade (cuja plenitude se dá apenas no Ens Infinitum) que se segue a composição de potência objetiva e ato, justificando assim sua contingência. Analisamos duas teses que parecem emergir da doutrina do Doutor Sutil, como propostas alternativas à sua rejeição explícita da distinção real: as teses da distinctio formalis e da distinctio modalis. Em ambas as teses, a essência e existência são uma mesma res. Na primeira, a essência e existência são formalidades distintas; na segunda, a essência e existência se relacionam como quididade e seu modo intrínseco.
Abstract: The essence-existence distinction drew great interest of medieval philosophers and theologians. The essence is the what of a thing, that which determines it to be what it is. However, the what of a thing doesn’t tell us if the thing exists, except if the being in question is that One whose essence is his own being. The distinction refers to the fundamental otherness between Creator (necessary being) and creature (contingent being). The former is above any ontological composition, the latter has an existence other than its essence. Our research focuses on the discussion of this issue in Thomas Aquinas and Duns Scotus. In the First Chapter, we research the origin of the problem: its background and the main ideas that contributed with the debate in Aristotle, Boethius, the Arabian philosophers, and the Latin Theology. Next, in Chapter 2, we try to understand the doctrine of the real distinction in Thomas Aquinas. We start with Aquinas’ notion of ens, and then, we trace how he explains the metaphysical structure of the creature as a composition of potency and act, participant and participated, essentia and actus essendi: the structure of the ens per participationem, which reveals its dependence of the Creator, the ens per essentiam, the Ipsum Esse. We also present the argument of Aquinas’ De ente et essentia and two classifications of his arguments for real distinction. In the Chapter 3, we present how Scotus deals with the problem. Scotus rejects the real distinction thesis. His doctrine of univocity of being opens new paths to understand the problem. The proper composition of the finite being is not of two res, but that of res positiva and privatio. The created being always lacks some grade of perfection which being itself is capable of. Once only in the Infinite Being all perfections of being are present in summo, in the finite being the privation of some grade of entity implies a composition of potency and act objectively, justifying its contingency. Two candidate theses of distinction between essence and existence are considered from Scotus doctrine: distinctio formalis and distinctio modalis. Both consider essence and existence the same res. The former indicates that essence and existence are different formalities, and the latter indicates that essence and existence are like quiddity and its mode.
Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências Humanas (ICH)
Departamento de Filosofia (ICH FIL)
Informações adicionais: Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, 2021.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
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