Avaliação morfoagronômica, físico-química e ornamental de 13 genótipos de manjericão cultivados em campo no Distrito Federal

Abstract

O Ocimum basilicum L. ou manjericão é uma planta que apresenta vários usos. Além disso, é uma planta que aproveita-se praticamente todas as suas partes. Ele está presente na gastronomia, nas indústrias, nos laboratórios, no paisagismo e em diversos outros setores da nossa sociedade. O manjericão é comercializado no mundo como alimento, como erva e como especiaria ou tempero. Pode ser encontrado in natura, seco e congelado, e ainda, em pó, folhas ou planta inteira. Os números relacionados ao comercio mundial de manjericão ultrapassou o valor de 1 bilhão de dólares. A planta de manjericão também é amplamente utilizada no mundo para fins medicinais, farmacêuticos, terapêuticos e nutricionais. Sua composição nutricional e os quimiotipos do seu óleo são grande importância na área da saúde, principalmente em tempos de pandemia. No que tange as demandas ornamentais e paisagísticas, a planta vem apresentando grande potencial de uso, entretanto, ainda pouco explorada. Neste contexto, é de extrema importância uma visão mais atenciosa para essa cultura, ou seja, investir em pesquisas e desenvolvimento de tecnologia para que possamos extrair o máximo da planta e colocar o Brasil numa posição de destaque no mercado mundial de manjericão. Porém as dificuldades de produção dessa cultura, são consequência da falta de tecnologia e cultivares com padrões comerciais, isto é, o produtor precisa ter acesso a conhecimento e suporte técnico científico. Pensando nessa realidade, a ideia foi desenvolver uma pesquisa que pudesse produzir mais conhecimentos sobre a espécie, nas questões agronômicas, nutricionais e ornamentais, além de, recomendar genótipos de O. basilicum L para o desenvolvimento de uma cultivar de manjericão para região do Distrito Federal. A partir dessa ideia, o objetivo do trabalho foi realizar avaliações de descritores morfoagronômicos e parâmetros genéticos, examinar a composição físico-química da biomassa do manjericão e avaliar o potencial ornamental de 13 genótipos de manjericão e ainda, identificar possíveis genótipos promissores para o cultivo e para o planejamento de futuros programas de melhoramento de O. basilicum L. no Distrito Federal e no mundo. Para distribuição e melhor compreensão dos conteúdos a pesquisa foi divida em três capítulos, nos quais, o primeiro trata dos aspectos morfoagronômicos do manjericão e produtividade. No segundo capítulo é abordada a composição físico-química da biomassa, e no terceiro capítulo o potencial ornamental do O. basilicum L.. Para isso foi implantado um campo experimental na Fazenda Água Limpa (FAL/UnB), onde treze genótipos foram cultivados em delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. Após o plantio, avaliações de desempenho vegetativo de altura da parte aérea (APA), diâmetro da copa (DC), número de folhas (NF) e número de inflorescências (NI) foram realizadas quinzenalmente. Com noventa dias após o plantio foi realizada a colheita e as seguintes avaliações: APA, DC, NF, NI, peso fresco da parte aérea (PFPA) e peso seco da parte aérea (PSPA).Testes de análises físico-químicas de umidade, fibras, cinzas e minerais, além da determinação dos elementos químicos arsênio (As), potássio (K), lantânio(La), lítio (Li), manganês (Mn), níquel (Ni), zinco (Zn), bário (Ba) e magnésio (Mg). Para avaliação do potencial ornamental, também foram estudadas as características qualitativas de textura de plantas, cor de folhas, do caule, da inflorescência e das flores das plantas, além do brilho das folhas. Os dados quantitativos obtidos no experimento foram submetidos à análise de variância, as correlações lineares de Pearson e ao teste de médias Skott-Knott. Após as análises dos dados, em relação aos parâmetros morfoagronômicos foram observados valores altos de herdabilidade (h2), variando de 92,47% a 96,95%, e valores da relação CVg/CVe acima de 1, demonstrando condição favorável para seleção. A característica de altura da parte aérea da planta apresentou correlação positiva e muito forte com o DC (rf = 0,93), com o NF (rf = 0,96), NI (rf = 0,92), PFPA (rf = 0,90) e PSPA (rf = 0,92). O Manjericão Limocino destacou-se com o maior valor médio de DC, com 28,41 cm. Os acessos que se destacaram em relação à ao PFPA e PSPA foram Marc 1, 2, 3, Manjericão Limocino e Manjericão Folha Fina. No que tange a composição físico-química, com as análises estatísticas, verificou-se diferenças significativas entre os genótipos testados para todas as características avaliadas, exceto para os elementos La e Ni. Valores acima de 90% de herdabilidade foram encontrados para a maioria das características estudadas. Valores da razão de CVg/CVe acima de 1 foram encontrados, indicando ser favorável no desenvolvimento de programas de melhoramento genético de manjericão. Correlações de Pearson positivas e fortes ocorreram entre fibra bruta e Zn (rf = 0,74), Mn e Zn (rf = 0,80) e Mn e Ba (rf = 0,82). Correlações negativas e fortes foram encontradas umidade e cinzas (rf = -0,72), fibra bruta e Li(rf = -0,71), cinzas e As (rf = -0,85), Li e Zn (rf = -0,84). Os acessos de O. basilicum L., Alfava Rubi Vermelho, Alfava Basilicão Manjericão Folha Fina, Marc 1 e Marc 3 apresentaram os maiores valores na quantidade de potássio. Nas avaliações de potencial ornamental, os dados quantitativos apresentaram valores altos de herdabilidade (h2), variando entre 93,31% de NF a 96,95% de NI. As características de APA, DC, NF e NI apresentaram valores da relação CVg/CVe acima de 1. Valores de correlação de Pearson altos e significativos foram verificados entre as características de APA e DC (rf= 0,93), APA e número de folhas (rf= 0,96) e APA e NI (rf= 0,92). Os dados qualitativos ornamentais encontrados na pesquisa são que 30,77% dos genótipos apresentam o formato da copa arredondado, que 53,84% possuem a textura de folha grossa e que 84,61% dos genótipos são classificados com folhas verdes e cerosa. Conclui-se que existe variabilidade genética entre os 13 genótipos em estudo. Valores altos de herdabilidade e acima de 1 na relação CVg/CVe. Indicando facilidade no desempenho de programas de melhoramento genético visando melhorias em características morfoagronômicas, físico-químicas e ornamentais da cultura do manjericão. Além disso, os acessos de O. basilicum L., Marc 1, Marc 2 e Marc 3 destacaram-se em todas as avaliações em relação aos demais.