Espaçamento do algodoeiro, manejo de Anthonomus grandis grandis Boh. (Coleoptera: Curculionidae) e influência sobre o plano de amostragem convencional

Abstract

O bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis grandis Boh., é a principal praga do algodão, pelas perda ocasionadas e dificuldade de controle em virtude de sua biologia e comportamento. A combinação desses fatores resulta na maioria das vezes em excessivas aplicações de inseticidas visando o seu controle, embora o controle efetivo nem sempre é atingido. Desta forma, o efeito do espaçamento entre linhas de plantas sobre a infestação do bicudo-do-algodoeiro e a geração de um plano de amostragem convencional, nessas condições, foram os objetivos desta tese. Assim, no primeiro experimento, a influência do espaçamento entre linhas sobre a infestação do bicudo, a produtividade e a qualidade da fibra, foram testados em três espaçamentos entre linhas (0,5, 0,75 e 1,0 m), em duas safras 2014 e 2017, sendo os três espaçamentos considerados como tratamentos e dispostos no delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições cada. Em ambas as safras, as plantas foram avaliadas por 23 semanas sucessivas e as estruturas reprodutivas caídas no solo foram coletadas por 17 ou 21 semanas e avaliadas. Foram determinados o número de estruturas reprodutivas infestadas e não infestadas e a produtividade das plantas, assim como os parâmetros tecnológicos da fibra. Observou-se que os espaçamentos maiores (0,75 e 1,0 m) adiaram o atingimento do nível de controle e resultaram em menor número de estruturas reprodutivas atacadas no início das safras. Adicionalmente, em maiores espaçamentos ocorreu emergência de menor número de bicudos, sem que a quantidade da fibra produzida fosse alterada com estimativa de maior retorno econômico em função da qualidade da fibra produzida. No Segundo experimento, um plano de amostragem convencional para o bicudo-do-algodoeiro foi gerado tendo por base a densidade de estruturas reprodutivas infestadas em diferentes fases fenológicas do algodoeiro cultivado nos diferentes espaçamentos entre linhas. Em cada área e espaçamento 20 plantas foram inspecionadas e verificou-se a densidade de estruturas reprodutivas normais (sem infestação) e atacadas (botão floral, flores, maçãs com sinais de alimentação, oviposição ou ambos a cada 3-4 dias). As avaliações foram divididas em cinco fases ao longo do desenvolvimento da cultura: 126-136, 140-150. 175-185. 189-199 e 203-213 dias após o plantio (DAP). Os dados se ajustaram à distribuição de frequência binomial negativa e foi possível calcular o parâmetro de agregação (Kcomum) para as diferentes situações contempladas no estudo maneira geral, independente da fase de avaliação, o 13o ramo pode ser usado como unidade amostral das. De plantas em espaçamentos de 0,5 e 0,75m entre linhas e o 9o e 10o ramos podem ser usados como unidade amostral das plantas cultivadas com 1,0 m de espaçamento entre linhas, sendo necessário a amostragem de 21 plantas por talhão homogêneo, admitindo-se um erro de amostragem de 15%. Os resultados obtidos permitirão o aprimoramento do manejo do bicudo-do-algodoeiro, reduzindo a necessidade e frequência de intervenção via controle químico e tornando o processo de tomada de decisão mais ágil.