A defesa na união latino-americana : do Congresso do Panamá a UNASUL (1826-2008)

Abstract

Esta tese analisa o papel desempenhado dos assuntos de defesa nas iniciativas de integração regional da América Latina desde o Congresso do Panamá de 1826 até a criação da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), em 2008. Este trabalho se insere nas discussões sobre o papel histórico que a defesa e a segurança exercem nos processos de integração regional. A partir da utilização do método de path dependence, a pergunta norteadora desta pesquisa é: Como a defesa e a segurança influenciaram, historicamente, iniciativas de integração regional na América Latina? O argumento da tese é que esses assuntos tiveram graus maiores ou menores de importância como núcleos aglutinadores de integração, mas sempre estiveram presentes nas iniciativas analisadas. A presença dessa pauta serviu para, primeiramente, criar apercepção da necessidade de uma defesa mútua contra ameaças de reconquista por parte das metrópoles europeias e, por outro lado, para levar os Estados a concentrar suas escolhas em favor de um projeto de união, criando uma identidade política latino-americana, dando início à cadeia de eventos que caracterizam o path dependence. Para compreender a importância de como a defesa se tornou uma agenda importante e constante nas iniciativas de integração, são apresentadas as condições preliminares, isto é, a influência das ideias iluministas e das revoluções Americana, Francesa e Haitiana na construção da visão de mundo dos Libertadores da América –Bolívar, Miranda e Bonifácio. Em seguida, como o Congresso do Panamá em1826 representou a escolha pela união como um objetivo a ser perseguido desde a emancipação política da América Latina, independentemente dos resultados desse encontro, dando início ao ciclo confederativo que caracterizou os encontros regionais por quase todo o século XIX. Posteriormente, com uma maior participação dos Estados Unidos, a inserção de um ciclo hemisférico tornou a busca pela união e a defesa comum como pautas secundárias. Por fim, o retorno da agenda de defesa como prioritárias para o sucesso em se construir uma identidade comum sul-americana, já nos anos 2000, resultado da consolidação de um processo histórico enraizado nas relações exteriores entre os países sul-americanos.