A poética de Cristiane Sobral como rasura às narrativas de direitos humanos da branquitude

Abstract

A literatura, assim como todos os outros campos do conhecimento, por estar inserida dentro das relações sociais, carrega em si a subjetividade daquelas(es) que a produzem e, portanto, estão presentes valores sociais partilhados. Deste modo,a produção literária canônica, inserida em uma colonização em curso, reproduz uma ideia de humanidade universal centrada na branquitude e seus privilégios. Porém, há uma produção literária – a qual chamamos de literaturas de rasura – que traz uma concepção de humanidade e ecoa vozes plurais. Neste trabalho, nos voltaremos para as literaturas de autoria negro-feminina, especialmente para poética de Cristiane Sobral, observando-a como uma produção que guarda em si potência para ser uma narrativa de direitos humanos que rasure o cânone branco, a partir de suas escrevivências. Nesse sentido, debatemos nesta pesquisa em que medida a poética de Cristiane Sobral se constitui como uma narrativa de direitos humanos que rasure a versão de direitos humanos da branquitude. Para tal, analisamos alguns textos de Cristiane Sobral a partir de metodologias interativas, estabelecendo o diálogo entre as escrevivências e uma leitura interseccional. A partir disso,pudemos ver que as escrevivências desta autora constituem-se como uma outra perspectiva de direitos humanos.