Ostracoda from the Quiricó Formation, lower cretaceous, São Francisco Basin, Minas Gerais State, Brazil : stratigraphy, taxonomy, biostratigraphy and paleozoogeography

Abstract

A Formação Quiricó apresenta um registro fóssil abundante e diversificado, e é a única formação do Cretáceo da bacia do São Francisco com a ocorrência de ostracodes. Essa Formação foi descrita a partir das margens do ribeirão Quiricó, tributário do rio da Prata, bacia hidrográfica do rio São Francisco, que consiste da localidade tipo. No entanto, a seção-tipo não foi descrita. O presente trabalho apresenta a primeira descrição da seção-tipo da Formação Quiricó e a primeira proposta de uma seção-tipo suplementar, baseadas na descrição litológica e ocorrências fossilíferas. Adicionalmente, outras três seções desta formação, ricas em conteúdo fossilífero, são descritas. Os afloramentos da Formação Quiricó estudados são: seção-tipo da Formação Quiricó, margens dos ribeirões Quiricó e São José, bacia hidrográfica do rio São Francisco, Município de Presidente Olegário; seção-tipo suplementar da Fazenda Tereza, Município de João Pinheiro; seção da Fazenda São Bento, Município de Carmo do Paranaíba; seção do rio do Sono, Município de João Pinheiro; e seção da Fazenda São José, Município de Presidente Olegário. 21 espécies de ostracodes ocorrem na Formação Quiricó: 1. Harbinia aff. Harbinia angulata; 2. Harbinia symmetrica; 3. Harbinia aff. Harbinia salitrensis; 4. Harbinia alta; 5. Harbinia aff. Harbinia crepata; 6. Brasacypris ovum; 7. Brasacypris aff. Brasacypris morigerata; 8. Brasacypris fulfaroi; 9. Cypridea hystrix; 10. Cypridea conjugata; 11. Cypridea aff. Cypridea infima; 12. Cypridea aff. Cypridea jequiensis; 13. Cypridea sp.; 14. Neuquenocypris (Protoneuquenocypris) antiqua; 15. Damonella aff. Damonella ultima; 16. Penthesilenula martinsi; 17. Penthesilenula pintoi; 18. Alicenula longiformis; 19. Timiriasevia sanfranciscanensis; 20. Wolburgiopsis plastica; 21. Wolburgiopsis chinamuertensis. As espécies recuperadas a partir da porção inferior da seção-tipo da Formação Quiricó, da seção da Fazenda São Bento e do rio do Sono são apresentadas pela primeira vez. Além disso, a taxonomia de espécies de Cypridea é amplamente discutida. A partir da taxonomia de ostracodes límnicos, estudos bioestratigráficos, paleozoogeográfico a paleoambientais foram conduzidos. O presente trabalho consta como a primeira tentativa em estabelecer a bioestratigrafia baseada em ostracodes. Para isso, três seções são foram abordadas: seção-tipo da Formação Quiricó, seção-tipo suplementar da Fazenda Tereza e seção da Fazenda São Bento. Seis unidades bioestratigráficas são descritas, uma superzona e cinco zonas. A Zona Brasacypris ovum é definida pela primeira ocorrência de Brasacypris ovum e de Timiriasevia sanfranciscanensis, e é atribuída ao Barremiano. A Superzona Penthesilenula pintoi é definida pela amplitude de ocorrência de Penthesilenula pintoi, atribuída ao intervalo BerriasianoAptiano. Contidas nessa subzona, as quatro zonas são: 1. Zona Timiriasevia sanfranciscanensis, definida pela primeira ocorrência de Timiriasevia sanfranciscanensis e de Cypridea hystrix, atribuída ao Berriasiano; 2. Zona Cypridea hystrix, definida pela amplitude de ocorrência de Cypridea hystrix, atribuída ao intervalo Valanginiano-Hauteriviano; Zona Alicenula longiformis, definida pela última ocorrência de Cypridea hystrix e de Alicenula longiformis, atribuída ao Barremiano; Zona Harbinia spp., definida pela assemblagem de espécies de Harbinia, cujo limite inferior é marcado pela última ocorrência de Alicenula longiformis, atribuída ao Aptiano. A análise paleozoogeográfica indica similaridades entre faunas de bacias sedimentares do Brasil, da Argentina e da África com registro do Cretáceo do Gondwana.