Testagem para o HIV em pessoas do sexo masculino em conflito com a lei no Distrito Federal : uma abordagem sequencial explanatória de métodos mistos

Abstract

A população prisional faz parte das chamadas “populações-chaves” para o enfrentamento da pandemia do HIV. O contato das pessoas infectadas com HIV com os diversos níveis do sistema de saúde, sem que recebam a oferta de testagem, representa uma “oportunidade perdida” de detectar a infecção. Essas “oportunidades perdidas” são chave para os casos de infecção não diagnosticados e para o controle da transmissão do vírus. O estudo avaliou o padrão de contato com o sistema de saúde e de testagem para HIV, incluindo as unidades de saúde prisionais. Foi realizada uma pesquisa sequencial explanatória do tipo métodos mistos que incluiu um estudo quantitativo de caso-controle em detentos que cumpriam pena em 2019 no Distrito Federal, pareados por idade; um estudo descritivo transversal do padrão de testagem de detentos recém-ingressos em uma unidade prisional e, na sequência, uma pesquisa qualitativa de análise temática de entrevistas individuais em profissionais de saúde de um hospital secundário. Não houve diferença no padrão de contato com o sistema de saúde e padrão de oferta de testagem entre detentos infectados ou não com HIV. A maior parte dos infectados teve o diagnóstico realizado no ambiente prisional e de maneira precoce, evidenciando efetividade do rastreamento nesse cenário. O padrão de contato com o sistema de saúde dos indivíduos neste estudo reflete provavelmente o de homens jovens como um todo: pouco contato com serviços ambulatoriais de atenção primária e trauma como principal motivo de contato, em prontossocorros. Assim, as emergências surgem como um cenário potencial para programas de rastreamento de HIV, com potencial protagonismo do pessoal de enfermagem na utilização consentida do autoteste na triagem, com possibilidade de ampliar o diagnóstico de HIV, tanto em pessoas em conflito com a lei quanto na população geral.