Introdução a uma semântica do conceito de experiência da consciência na “fenomenologia do espírito”

Abstract

Este trabalho busca acompanhar, de maneira introdutória, a leitura semântica, proposta por Brandom sobre os temas da Introdução e dos primeiros capítulos da Fenomenologia do Espírito de Hegel. Brandom propõe um método crítico de leitura denominado descenso semântico, uma abordagem que visa acompanhar a ciência da experiência da consciência de baixo para cima, ou seja, a partir de conceitos empíricos e cotidianos, mediante a experiência do erro e o processo de rememoração, tornando possível observar um caminho que vai da cognição ao reconhecimento e desta forma, acompanhar uma história dialética da autoconsciência a partir de experiências empíricas comuns. Brandom propõe reconstruir uma interpretação mais sistemática de Hegel por um ponto de vista “sociopragmática” e dando continuidade a noção hegeliana de negação determinada em discussões contemporâneas e atuais, como nos debates epistemológicos e na dita Filosofia Analítica. Desta forma, percebe-se como a filosofia analítica, apesar de ter seu início como uma reação contra o hegelianismo, promoveu, desde a metade do século passado até nossos dias, um viés mais favorável à filosofia hegeliana por meio de um “pragmatismo analítico” associada à filosofia norte americana que vem desde Willian James, passando por Wilfrid Sellars, Richard Rorty e outros e, mais recentemente, J. McDowell e Robert Brandom. Vale destacar o pensamento de Wittgenstein, sem o qual não seria possível uma crítica mais enfática ao empirismo tradicional. Estas discussões contribuíram para que pensadores da corrente da filosofia analítica se interessassem enfaticamente por Kant e consequentemente também por Hegel.