Design como facilitador na experiência visuoespacial do surdo em ambiente de sala de aula no ensino superior

Abstract

A otimização do processo inclusivo e acessível e a equidade de oportunidades aos sujeitos surdos no contexto acadêmico apresentam-se cada vez mais latentes, por isto definiu-se como objetivo geral deste estudo demonstrar como os princípios do design deafspace, aliados às normativas técnicas/legislação nacional, podem contribuir positivamente para a experiência visuoespacial do sujeito surdo no ambiente construído de sala de aula no ensino superior. Na intenção de promover a acessibilidade Surda e priorizar a coletividade, a espacialidade linguística e a constituição identitária e cultural deste usuário adotou-se como metodologia de pesquisa: a) a revisão sistemática da literatura; b) o processo de observação participativa direta enquanto aluna ‘não surda’ do Curso de Libras do IFB - Instituto Federal de Brasília (Campus Brasília) e da disciplina Oficina de Tradução 1 no Departamento de Letras da UnB - Universidade de Brasília na intenção de compreender como se dão a espacialidade linguística da Libras e as interações entre usuário/usuário e usuário/espaço físico; c) elaborar uma ferramenta norteadora – adotando como referência as normativas técnicas/legislação nacional em conformidade com as diretrizes de design deafspace da Universidade Gallaudet em Washington, DC/EUA – a fim de priorizar a composição de um espaço de sala de aula com foco nos conceitos do design acessível e sensorial, possibilitar a conexão espacial, a interação sociocultural e melhor experiência visuoespacial Surda dos usuários deste espaço; e d) o desenvolvimento de uma análise do conforto funcional de duas tipologias de salas de aula do ICC - Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília, bem como a apresentação de propostas de readequação/adaptação destes ambientes às necessidades Surdas. Esta pesquisa estrutura-se em cinco capítulos: o Capítulo I trata das especificidades surdas; os Capítulos II e III abordam o design como mediador nesta otimização do processo de ensino e aprendizagem do surdo; e os Capítulos IV e V apresentam a ferramenta norteadora, a análise funcional e propostas de readequação de duas tipologias de salas de aula existentes no ICC da UnB. Os resultados mostram que ainda não existem normativas técnicas/legislações nacionais voltadas especificamente para este fim e ambas as análises das tipologias de salas de aula existentes mostram que estes espaços ainda não se adequam, criteriosamente, aos parâmetros técnicos abordados na ‘ferramenta norteadora’ acima mencionada. Sobretudo identificou-se que é possível realizar ‘intervenções’ imediatas capazes de favorecer uma melhor experiência visuoespacial dos sujeitos surdos enquanto usuários destes espaços. Assim observou-se quão relevante é a necessidade de um olhar sensível acerca da compreensão das especificidades Surdas, do letramento visual e ‘pedagogia Surda’, da acessibilidade visuoespacial e alcance sensorial dos alunos surdos através da aliança entre design e ‘arquitetura Surda’ para uma composição assertiva de um ambiente de sala de aula mais inclusivo, com foco no conforto e bem-estar coletivo, capazes de favorecer sobremaneira o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem do surdo no ensino superior.