Análise das habilidades cognitivas e ambiente familiar de alunos dos primeiros anos do ensino fundamental no período de abertura gradual das escolas durante a Covid-19

Abstract

Para reduzir a transmissão da COVID-19, estratégias como a quarentena e o distanciamento social foram usadas, levando ao fechamento de estabelecimentos, escolas e empresas e afetando a sociedade em diversos níveis. Para as crianças, os impactos dessas medidas foram sentidos, dentre outros âmbitos, no contexto familiar e na vida escolar. Projeta-se que o fechamento das escolas, período de isolamento social e o contexto de pandemia causarão prejuízos para as crianças, uma vez que impactos emocionais, físicos e cognitivos podem ter sido gerados nesse período. O presente estudo se propôs a analisar como estavam as funções neuropsicológicas de crianças de uma escola pública do Distrito Federal, matriculadas 1º e 2º ano de Ensino Fundamental no momento de reabertura das escolas públicas na pandemia da COVID-19 e a influência dos fatores familiares e contextuais sobre o desempenho dessas habilidades. Participaram voluntariamente 118 estudantes do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental de Classe Regular, bem como seus pais ou responsáveis. Para avaliação das crianças foi aplicado o Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve Infantil (NEUPSILIN INF) de forma presencial, após a flexibilização do isolamento social. Ainda, os pais/responsáveis responderam ao Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) e questões para classificação socioeconômica e de escolaridade materna, de forma remota. Os resultados apontam alta prevalência de crianças em fase de alfabetização que apresentam alerta ou déficit das funções de orientação, memória, linguagem, habilidades visuoespaciais, habilidades aritméticas e fluência verbal. Ainda, as atividades que promovem estabilidade são preditoras do desempenho das crianças na habilidade de orientação e os recursos que promovem processos proximais refletem significativamente no desempenho em linguagem. Os resultados sugerem que crianças inseridas em família com estimativas da renda domiciliar abaixo de um salário mínimo apresentam piores desempenhos do controle inibitório. Evidenciamos neste trabalho os possíveis impactos das alterações das habilidades neuropsicológica para o aprendizados dessas crianças, e como os fatores contextuais influenciaram o desempenho de algumas dessas funções.