Paisagens negras : corpo, diáspora e pertencimento nas cidades brasileiras do século XIX

Abstract

Essa pesquisa trata da relação entre cidade e presença negra nas conexões entre modernidade e vivências cotidianas que configuram a paisagem. No século XIX, período em que as maiores cidades do país daquele momento, Salvador, Rio de Janeiro e Recife, sob a influência no país da corte portuguesa (1808) e da cultura europeia, passaram a ganhar suas primeiras características urbanas com transformações em suas formas e comportamentos sociais. Elas tornavam-se lugares de atração de um crescente contingente populacional que passava a demandar por moradia, emprego, saúde, abastecimento de água e alimentos. Nesse mesmo período foram traficados para o país por volta de 2 milhões de negros e negras africanas, sendo parte deles mantidos nas cidades para trabalhar em todo o tipo de atividade manual,serviços e infraestrutura. Como essa diáspora negra influencia a formação da paisagem brasileira do século XIX? Para construção da narrativa propõe-se como método um encontro entre fontes iconográficas, pesquisas históricas e teorias negras, com a ficção do romance Um defeito de cor, em que a personagem Kehinde que nos leva, com sua fala de uma sujeita negra, para dentro da cidade. Esse encontro de fontes configurou uma encruzilhada na qual não se prioriza um caminho ou outro, mas um e outro, em que se favoreça o reconhecimento da ação negra na cidade, pois, dos elementos que conformam a paisagem, o corpo é o que a constrói e a pratica.