A coexistência das perspectivas de gestão gerencialista e democrática no contexto do novo ensino médio público do Distrito Federal

Abstract

A pesquisa analisa a coexistência de perspectivas de gestão na rede pública de ensino do Distrito Federal. O questionamento central foi assim delineado: quais as implicações da coexistência da gestão gerencialista e democrática para a formação da juventude no contexto do novo ensino médio público no Distrito Federal? Foi investigado, em cinco escolas, a coexistência das perspectivas de gestão gerencialista e democrática e suas implicações para a formação da juventude no ensino médio. A produção de dados se deu por meio de pesquisa bibliográfica, análise documental e entrevistas com sujeitos que atuam nas escolas e espaços extraescolares. A implementação da reforma do ensino médio demonstrou que a gestão democrática institucionalizada não mostrou efetividade como um instrumento de partilha de poder. Devido à baixa participação e à ausência de cultura democrática, prevalecem relações autoritárias no SEDF e nas unidades escolares. A hegemonia gerencial, bem como a precarização das condições de trabalho dos docentes, a falta de investimentos públicos, a concepção utilitarista de educação inerente ao PRONEM, a crescente privatização dos serviços educacionais, aponta a formação instrumental da juventude. Nesses termos, a tese foi assim enunciada: no Estado integral, as classes fundamentais disputam a direção política da sociedade; as políticas públicas são elaboradas na sociedade política, mas a partir de demandas e correlação de forças instituídas na sociedade civil; a permeabilidade do Estado atrai representantes das classes subalternas para atuarem nesse espaço hegemonizado pelas classes dirigentes; a história tem demonstrado que a imersão na sociedade política tem fortalecido concepções colaboracionistas de classe para uma perspectiva de adaptação à sociabilidade burguesa; no contexto de crise sistêmica do capital, a burguesia avança em ambientes estatais de disputas de direito e ampliação da cidadania. Esse fenômeno tem ocorrido na educação pública do Distrito Federal em que a lei de gestão democrática institucionalizada não coincide com a concretude das relações sociais verificadas nas escolas e no SEDF. Dessa forma, a despeito de alguns avanços da lei em vigor, a ausência de uma cultura democrática oblitera a práxis social. Esse processo tem facilitado a continuidade da hegemonia política da burguesia e a subalternização das classes trabalhadoras materializada em dois aspectos: a oferta de uma educação fragmentada e uma prática de gestão que impede a partilha de poder e a apropriação da escola pela sociedade civil, cristalizando relações assimétricas entre dirigentes e dirigidos num movimento de permanência das relações sociais existentes.