Velhice “bem-sucedida”? Uma genealogia dos sentidos sobre o envelhecimento na contemporaneidade

Abstract

Nesta dissertação, buscou-se investigar de que forma o discurso do envelhecimento “bem-sucedido” está imbricado por moralidades que incidem sobre a produção de subjetividades contemporâneas. Observa-se a proliferação midiática da temática da velhice “bem-sucedida” como um modelo que agencia o “sucesso” nos aspectos da saúde do indivíduo, na sua felicidade, na sua capacidade de autonomia e na sua atitude enquanto sujeito ativo. Esse modelo de envelhecimento é estimulado, a uma lógica relacional entre vetores biopolíticos contemporâneos da mídia, mercado e tecnociência. Para investigar como o discurso da velhice “bem-sucedida” se configura, recorreu-se à perspectiva genealógica de Foucault para analisar as condições de possibilidade do discurso da velhice “bem-sucedida” como um discurso com efeitos de “verdade” na contemporaneidade, de modo a compreender as tensões e os jogos de verdade que estão imbricados a essa temática. Desse modo, a análise constitui-se de imagens com fontes diversas, que operam como sintomas de uma conjuntura contemporânea e que podem auxiliar na compreensão dos modos de ser e estar dos sujeitos velhos hoje. A partir da investigação, foi possível constatar que o discurso moralizante da velhice “bem-sucedida” é operado por meio de biopolíticas e processos de subjetivação, os quais configuram e reforçam a visibilidade de uma velhice merecedora e digna de sucesso. Desta maneira, o modelo de velhice “bem-sucedida” opera como efeito-instrumento de uma racionalidade neoliberal que estimula certas formas de ser e estar do mundo contemporâneo. Por fim, entende-se esse modelo de velhice como um sintoma dos tempos atuais, e portanto, relevante de ser problematizado.