Ensino médio e ensino superior : o papel das acoes institucionais e do currículo no processo de integração a vida universitária

Abstract

A presente tese está vinculada à linha de pesquisa Profissão Docente, Currículo e Avaliação - PDCA do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília e filiada ao grupo de pesquisa "Currículo: concepções teóricas e práticas educativas". Nela, analisamos fatores que segundo a literatura podem influenciar o processo de integração à vida universitária (TINTO, 1975; KUH, 2008; BEAN e EATON, 2000; SWAIL, 2003; dentre outros), como as ações institucionais e o currículo de graduação. Após a realização do Estado do Conhecimento (MOROSINI e FERNANDES, 2014), tais fatores foram apontados como lacunas (ROMANOWSKI e ENS, 2006) do campo de pesquisa sobre as questões institucionais. Tal constatação nos conduziu a uma preocupação que está descrita no pressuposto que norteou toda a pesquisa e veio concretizar o seu ineditismo que é “A não participação em ações institucionais de transição para o ensino superior assim como de permanência e um currículo de graduação não centrado no sujeito que aprende podem desempenhar um papel negativo no processo de integração à vida universitária”. A problemática da pesquisa se apoiou na seguinte pergunta: “Qual o papel das ações institucionais de transição para o ensino superior desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF em parceria com a Universidade de Brasília - UnB e das ações institucionais de permanência e do currículo de graduação da Universidade de Brasília - UnB no processo de integração à vida universitária?”. O objetivo geral da pesquisa foi “Analisar o papel das ações institucionais de transição para o ensino superior desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF em parceria com a Universidade de Brasília - UnB e das ações institucionais de permanência e do currículo de graduação da Universidade de Brasília-UnB no processo de integração à vida”. A pesquisa teve abordagem qualitativa e como recorte temporal o período entre o segundo semestre de 2013, semestre no qual foi lançado o primeiro edital de vestibular da Universidade de Brasília que apresentou a opção de ingresso na universidade por cotas sociais (edital nº 1 – 2º vestibular 2013, de 3 de abril de 2013), até o segundo semestre de 2019. Duas instituições foram analisadas, a Universidade de Brasília - UnB por ser a primeira universidade pública federal do país a adotar o sistema de cotas desde 2004 e por apresentar um histórico de uma política de inserção dos egressos do ensino médio público através da ação afirmativa de cotas sociais (PL 73/99) a partir do seu edital de vestibular (edital nº 1 – 2º vestibular 2013, de 3 de abril de 2013) e a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF por formar o maior público de ingressos nos cursos de graduação na UnB. O público da pesquisa foi constituído pelos gestores das duas instituições envolvidas e pelos estudantes ingressantes pelo sistema de cotas sociais na Universidade de Brasília. Como método de pesquisa, utilizamos o Estudo de Caso. As técnicas para a construção de dados foram a análise documental dos PPPs dos CEMs, dos PPCs e dos currículos dos cursos de graduação envolvidos, e dos sites da SEEDF e da UnB (cursos, unidades acadêmicas e administrativas), a entrevista semiestruturada com a Gestão da SEEDF e da UnB e o questionário com os estudantes participantes da pesquisa. Para a análise dos dados, utilizamos a Análise do Conteúdo (BARDIN, 2016). Após as análises, trazemos alguns apontamentos como a importância da instituição refletir sobre a sua cultura institucional e o seu papel dentro da comunidade acadêmica; o desenvolvimento de um projeto de ações de transição para o ensino superior, de permanência e de apoio pedagógico institucionalizado para todos os estudantes desde o primeiro ano (TINTO, 1975, 1986, 1987) e a construção de uma organização curricular da graduação que vá além da sala de aula, que considere a voz do estudante (BERNSTEIN, 1996; ASTIN, 1993; RODRÍGUEZ, 2013; BORGES, 2012; SACRISTÁN, 2017; SWAIL, 2003; GRIGSBY, 2009; TINTO, 2015; ZEPKE, 2015; KUH, 2008; TESSEMA et al., 2012) e que o tenha como centro do processo de ensino e aprendizagem (COULON, 2008).