Cultura de segurança do paciente entre profissionais da Atenção Primária à Saúde em um município do Triângulo Mineiro, Brasil

Abstract

Introdução: Nas últimas décadas, a temática sobre segurança do paciente tem sido recorrente em pesquisas na área da saúde, no entanto, o assunto ainda é pouco explorado na Atenção Primária à Saúde (APS). Ainda menos pesquisado, avaliar a Cultura de Segurança do Paciente (CSP) na APS se faz necessário, visto favorecer a implementação de práticas seguras e à diminuição da ocorrência de potenciais eventos adversos. Assim, compreender a visão dos profissionais envolvidos no processo de trabalho na APS pode estimular à reflexão sobre as práticas e os esforços realizados, visando ao aprimoramento da segurança da assistência no contexto de cuidados primários. Objetivo: Avaliar a cultura de segurança do paciente entre profissionais da Atenção Primária à Saúde de um município do Triângulo Mineiro. Método: Para avaliar a CSP realizou-se estudo observacional do tipo transversal, exploratório, de abordagem quantitativa. Participaram 407 profissionais que integram as equipes da Estratégia Saúde da Família, os quais respeitavam os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos. Os dados foram coletados entre setembro de 2019 e julho de 2020, e a participação se deu por meio do preenchimento do instrumento Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e em conformidade com a Resolução n. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Para análise de dados, houve verificação de distribuição normal, estimativa de intervalo de confiança, teste de independência do Qui-Quadrado, análise fatorial, com avaliação de componentes principais e alfa de Cronbach. Resultado: A Revisão Integrativa da Literatura teve como resultado 13 artigos avaliados, evidenciando uma avaliação geral positiva quanto à cultura de segurança do paciente com aplicação do instrumento. A dimensão “Trabalho em equipe” foi a mais bem vista. Opostamente, a dimensão “Pressão e ritmo de trabalho” foi apontada como a de pior escore. Os resultados da aplicação do instrumento em um município do Triângulo Mineiro evidenciam uma cultura de segurança positiva. Os três constructos de melhor avaliação, considerados “pontos fortes” da CSP, foram: “Seguimento da assistência ao paciente” (90,1%), “Trabalho em equipe” (82,6%) e “Troca de informações com outros setores” (82,5%). Como pontos fracos, destacaram-se os constructos “Apoio dos gestores na segurança do paciente” (58,2%) e “Comunicação aberta” (54,4%), identificando-se, portanto, as áreas que necessitam de melhorias. Apenas “Pressão e ritmo de trabalho” (27,0%) apresentou uma cultura de segurança do paciente negativa. Conclusão: Com o estudo, assim como na revisão, apontou-se uma avaliação geral positiva quanto à CSP por parte dos profissionais da APS com a aplicação do instrumento. Ainda assim, destaca-se, em especial, a dimensão “Pressão e ritmo de trabalho” como de pior avaliação, demandando melhorias nos processos de trabalho para garantir a qualidade da assistência e segurança do paciente.