Análise da dinâmica de vias aéreas extratorácicas frente a manobras com assistente de tosse em modelo analógico de resistor de starling

Abstract

Introdução: As doenças neuromusculares geram diversas manifestações respiratórias, como comprometimento da capacidade de tossir e infecções recorrentes. Com vistas a redução de morbimortalidade, o uso de assistentes de tosse é capaz de otimizar o clareamento de secreções e reduzir a incidência de infecções respiratórias. Recentemente foram descritas manobras otimizadas do assistente que, em ambiente experimental, demonstraram deslocar mais secreção através de um tubo rígido. No entanto, não foi considerada a influência da complexa dinâmica das vias aéreas extratorácicas em sua eficácia. As vias aéreas podem estar comprometidas por uma combinação de hipotonia dos músculos dilatadores da faringe com a redução de tensão longitudinal dos tecidos. Ambas as alterações culminam com colapso, limitando a aplicação dessa técnica. Em modelos experimentais, o resistor de Starling é frequentemente utilizado para simular as vias aéreas extratorácicas. Objetivos: Analisar a influência da pressão de câmara (Pc) e da tensão longitudinal (strain) em determinar fluxos e pressões durante manobras de insuflação-exsuflação mecânica, tradicional e otimizada, em um modelo experimental analógico de resistor de Starling. Metodologia: Foi realizado estudo experimental com um resistor de Starling acoplado a um assistente de tosse. Combinações de Pc, 0, -3 e -5 cmH2O, e de tensão longitudinal (strain), 0%, 12,5%, 25%, 37,5% e 50%, foram aplicadas às manobras padrão e otimizada com pressões de +30/-30 e +40/-40 cmH2O. Resultados: Durante insuflação, houve diferença estatística entre os picos de fluxos e entre as pressões, e essa diferença se deveu na maioria das manobras à interação entre strain e Pc. A média dos picos de fluxo foi maior em torno do strain 12,5% e 25%. Durante exsuflação não houve diferença estatística entre os picos de fluxo obtidos e entre a maioria das pressões de pico registradas. Conclusões: A interação entre strain e Pc determinou o fluxo inspiratório, mas não o fluxo expiratório. Nosso trabalho sugere, portanto, a necessidade de se avaliar em estudos posteriores estratégias para otimizar a fase expiratória das manobras do assistente da tosse, como o efeito de menores pressões de exsuflação no colapso de via aérea e a efetividade de clareamento de secreções.