O brincar na fase adulta : percepções a partir da vivência no projeto de extensão “pintando e bordando”

Abstract

Este trabalho teve como objetivos compreender como o adulto entende o brincar, com o intuito de reconhecer a importância desta atividade para todas as fases do desenvolvimento humano, principalmente na fase adulta; entender quais os processos que dificultam e/ou facilitam o adulto a brincar e analisar a concepção do adulto de como ele vivencia o brincar. A pesquisa adotou uma perspectiva histórico-dialética, com a intenção de entender a evolução do brincar no mundo ocidental, pois a relação do ser humano com o brincar mudou ao longo da história da humanidade. Até a Idade Média, brincar era uma atividade dos adultos, e as crianças, desde muito novas, compartilhavam os mesmos divertimentos. Contudo, as mudanças que ocorreram com a Revolução Industrial e as proibições dos jogos e das brincadeiras nas escolas católicas influenciaram na maneira como nos relacionamos com o brincar na era contemporânea. O brincar passou a ser menosprezado pelo adulto e caracterizado como atividade exclusiva das crianças. A pesquisa, de abordagem qualitativa e participativa, foi realizada com três graduandos do curso de Psicologia da Universidade de Brasília que participaram do Projeto de Extensão de Ação Continuada Pintando e Bordando: Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes, durante o segundo semestre de 2019, e aconteceu em três etapas: observações na instituição de acolhimento registradas em diário de campo, reuniões de supervisões dos extensionistas com a coordenadora do projeto e entrevistas semiestruturadas. Esses diferentes momentos da pesquisa revelaram as diversas formas do adulto conceituar e vivenciar a brincadeira percorrendo por momentos de prazer e desprazer, com ênfase nos desafios e nas dificuldades enfrentadas pelos participantes nas visitas ao abrigo. Pôde-se concluir que o adulto vivencia o brincar de uma forma diferente da criança e, ainda, possui dificuldade para se reconhecer como brincante.