Avaliação do risco de disfagia em idosos hospitalizados e sua relação com a nutrição, sarcopenia, hidratação e qualidade de vida : um estudo transversal analítico

Abstract

Introdução: O processo de envelhecimento promove o aumento de doenças crônicas com baixa letalidade e alta morbidade, acarretando ao cenário brasileiro fatores impactantes para sustentabilidade da economia e da sociedade. A dificuldade na deglutição é um desses impactos, afetando 1 a cada 17 pessoas, com mais de 60 anos, com 300.000 a 600.000 casos novos diagnosticados a cada ano. Para identificação de idosos com alteração na deglutição, é preciso realizar o levantamento de sua prevalência na comunidade por meio do rastreamento desta condição de saúde para o estabelecimento de medidas ou programas de prevenção de complicações, morbidades e mortalidade. Em idosos hospitalizados, uma avaliação clínica da deglutição compreende o levantamento do histórico e das condições clínicas atuais e a avaliação da funcionalidade da função de deglutição. Esse rastreamento se faz necessário, visto que estão associados ao aumento de morbidade e mortalidade, levando a uma variedade de complicações clínicas, entre elas: desnutrição, desidratação, perda de massa muscular e pneumonia aspirativa. Sendo assim, essa avaliação precoce poderá prevenir futuras complicações clínicas e melhorar a qualidade de vida de pessoas acometidas com essa alteração. Objetivo: Identificar os fatores associados ao risco de disfagia entre idosos hospitalizados. Métodos: Trata-se de um estudo transversal analítico com participação de 52 idosos internados em clínica médica de um hospital público no Distrito Federal. Foram aplicados os instrumentos Eating Assessment Tool, Strength, Assistance with walking, Rise from a chair, Climb stairs and Falls + Circunferência da Panturrilha, Mini Nutritional Assessment shortform, Quality of Life in Swallowing Disordens e o Protocolo de Avaliação de Risco de Disfagia, além de coleta de dados sociodemográficos e de condições de saúde. Resultados: Dos idosos participantes 30,8% apresentaram risco de disfagia autorrelatada pelo EAT-10. Os fatores associados ao risco de disfagia foram risco de sarcopenia (p=0,04), risco nutricional (p=0,008) e higiene oral (p=0,03). Tempo de se alimentar foi o domínio com menor pontuação na qualidade de vida de idosos com risco de disfagia (47,66 ± 9,90). As principais correlações moderadas foram encontradas em “frequência dos sintomas” com “saúde mental” (0,64; p=0,00) e “frequência dos sintomas” com o “medo de se alimentar” (0,68; p=0,00). Houve associação entre as avaliações pelo EAT-10 e o PARD (p=0,01). Conclusão: Estes resultados sugerem que o risco de disfagia apresenta uma associação com o risco de sarcopenia, risco nutricional e higiene oral em idosos hospitalizados. É preciso aumentar o reconhecimento da disfagia como uma importante síndrome geriátrica e demonstrar aos profissionais de saúde seu impacto na funcionalidade da população, em especial nos idosos durante uma hospitalização. É importante o desenvolvimento de instrumentos de alta sensibilidade e especificidade com rápida e fácil aplicação.