Anos de chumbo, canções de cobre : poética e política em Chico Buarque e Fabrizio De André

Abstract

Chico Buarque e Fabrizio De André são dois artistas icônicos das respectivas culturas. Apesar de eles pertencerem a contextos muito distintos, é possível traçar alguns paralelos entre as formações e as carreiras deles que frutem reflexões mais profundas sobre os sistemas cancionais brasileiro e italiano. Neste sentido, o objetivo desse trabalho é pensar a função política da canção e o rendimento estético de acontecimentos históricos, especificamente dentro do contexto conhecido como “anos de chumbo”, em que a canção se encarrega de uma militância hoje esgotada. Seguindo uma metodologia de literatura comparada, aproximamos as canções extraídas de álbuns daqueles anos de cada autor, observando a relação entre o artista, intelectual e burguês, e a vida nacional em cada contexto, e entendendo a função da música em relação à realidade, como agente de história, como ferramenta para a descrição da história e como fonte para seu estudo. As nossas bases teóricas foram os estudos de Theodor Adorno, Walter Benjamin e György Lukács, além de outros estudiosos contemporâneos que da mesma tradição crítica se reclamam. Concluímos que a canção teve um papel determinante na vida social tanto da época, contribuindo para o esclarecimento das massas, quanto de hoje, sendo bagagem cultural de um imaginário coletivo imperituro.