Avaliação das propriedades mecânicas de materiais utilizados para confecção de placas oclusais sob efeito de PH ácido

Abstract

Dentre os problemas relacionados ao sono e estilo de vida, podemos citar o bruxismo e o distúrbio do refluxo gastroesofágico (DRGE), que podem ocorrer em conjunto em um mesmo indivíduo. O ácido clorídrico tem um pH extremamente ácido e um alto potencial de dano corrosivo. As placas oclusais são uma forma de tratamento das disfunções temporomandibulares, além de protegerem a dentição em episódios de bruxismo do sono. Esses dispositivos podem ser confeccionados de diversos materiais. O conhecimento de como as resinas para confecção das placas oclusais se comportam quando submetidas à pH ácido ainda é escasso e pode auxiliar na seleção destes materiais em pacientes com diagnóstico de DRGE associado a outras patologias que necessitam de abordagem com placa oclusal. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito erosivo do ácido clorídrico na superfície de materiais resinosos utilizados para confecção de placas oclusais. Os materiais avaliados foram divididos em 6 grupos: resina autopolimerizável, resina termopolimerizável por energia de micro-ondas, resina termopolimerizável por banho de água quente, duas resinas para impressão de placas oclusais e bloco de PMMA. Todas as amostras foram avaliadas em três tempos: T0 - após a confecção; T1 – após 45 horas de desafio erosivo (HCl pH=2); T2 – após 91 horas de desafio erosivo (HCl pH=2). Os grupos foram avaliados quanto a rugosidade superficial, microdureza, resistência flexural e módulo de elasticidade. Os dados obtidos foram submetidos ao teste ANOVA de medidas repetidas de dois fatores para rugosidade superficial e microdureza e ANOVA de dois fatores para resistência flexural e módulo de elasticidade, seguidos do Teste Tukey com nível de significância de 5%. Para microdureza superficial, apenas o grupo termopolimerizável por água quente apresentou aumento dos valores iniciais após o desafio erosivo (17.46kgf/mm2 para 19,744kgf/mm2), demonstrando maiores valores quando comparado aos outros grupos. Para rugosidade superficial, apenas um grupo impresso apresentou aumento (P2: 0,17μm para 0,47μm). O grupo bloco de PMMA não demonstrou diferenças e os demais materiais testados diminuíram sua rugosidade superficial (SC: 0,60μm para 0,33μm; ME: 0,52μm para 0,27μm; WB: 0,36μm para 0,19μm; P1: 0,41μm para 0,32μm). Para resistência flexural, os grupos de resina termopolimerizável por energia de micro-ondas e resina fresada diminuíram seus valores (ME: 81,3MPa para 61,4MPa; M: 103,6MPa para 80,5MPa). Os demais grupos não demonstraram diferença estatística ao final da imersão em HCL. Para o módulo de elasticidade, as resinas: autopolimerizável, termopolimerizável por energia de micro-ondas e fresada diminuíram seus valores (SC: 4,594 GPa para 3,6003 GPa; ME: 2,9441GPa para 2,0518GPa; M: 3,5433GPa para 2,2767GPa), enquanto as resinas termopolimerizável por banho de água quente e de impressão não demonstraram diferença estatística ao final do desafio erosivo. Concluímos que: o desafio erosivo não influenciou na microdureza superficial dos materiais testados. Ocorreu um polimento químico na superfície da maioria dos grupos avaliados. Na resistencia flexural e módulo de elasticidade, a resina acrílica termopolimerizável por água quente demonstrou propriedades interessantes. Contudo novos testes devem ser realizados para melhor indicar o material de escolha para confeccionar placas oclusais em pacientes com DRGE.”