Mediação docente na Educação Física em classes especiais do Distrito Federal : experiências de aprendizagem para alunas com transtorno do espectro autista (TEA)

Abstract

Nas escolas públicas de Anos Iniciais do Distrito Federal, persiste, de acordo com uma recomendação psicopedagógica específica, o atendimento a estudantes com deficiência em classe especial. A inserção da Educação Física nos Anos Iniciais, por sua vez, faz parte de um programa que tem o objetivo de fornecer diretrizes que ampliem as experiências corporais dos estudantes. Todavia, as escolas que possuem, ao mesmo tempo, uma classe especial e o Programa Educação com Movimento, carecem de diretrizes que deem suporte pedagógico para um atendimento de qualidade para pessoas com deficiência. A fim de contribuir na construção de saberes docentes que auxiliem na orientação de professores, realizamos uma pesquisa pedagógica qualitativa, com objetivo de analisar as possibilidades de flexibilização educacional da mediação docente a partir dos conceitos de ciclo de mediação (Vygotsky, 1991) e de experiência de aprendizagem mediada (Feuerstein; Feuerstein; Falik, 2014). O percurso metodológico compreende: (a) a descrição do Cenário Educacional, com dados sobre o contexto sociocultural e institucional onde a prática educativa está inserida, e sobre as pessoas envolvidas; (b) o Diário de Classe da execução de uma Unidade Didática, pautada nos princípios da psicomotricidade, para o atendimento de duas alunas, de 17 e 18 anos de idade, com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e necessidade de apoio muito substancial. As reflexões sobre a prática educativa abrangem desde a avaliação diagnóstica e a elaboração do planejamento didático até as situações educativas vivenciadas pela professora com as estudantes e os resultados, em termos de aprendizagem, para as estudantes e para a professora. Concluiu-se que a mediação docente é capaz de favorecer a aprendizagem de alunas com TEA quando a professora se responsabiliza por considerar a intencionalidade e a reciprocidade de suas estudantes na flexibilização das ações docentes. Acreditamos na aprendizagem que decorre do acesso das alunas aos signos culturais presentes em práticas corporais lúdicas, intencionalmente construídas de forma dialógica pela mediação docente da professora. Dessa forma, pretendemos contribuir para reflexão sobre as possibilidades de novas propostas de mediação docente para a Educação Física escolar no atendimento a alunos com TEA matriculados em classes especiais.