Entrelace imagético em Os Maias, do literário ao cinematográfico : no horizonte da transcriação

Abstract

Literatura e cinema são duas artes que vêm obtendo cada vez mais espaço nas discussões entre os críticos literários e os do cinema, pois se relacionam frequentemente. Essa relação é verificável em produções cinematográficas como Os Maias: cenas da vida romântica (2014), de João Botelho. Essa produção cinematográfica, juntamente com a obra literária intitulada Os Maias (2017), de Eça de Queirós, originalmente publicada em 1888, compõem o foco de estudo desta tese. O objetivo principal é analisar os recursos cinematográficos usados pelo diretor e pelo roteirista João Botelho no filme mencionado, com ênfase na imagem, a fim de demonstrar a reconstrução das mensagens visuais identificadas no texto queirosiano e verificar o aspecto de “captura” da fotografia no roteiro de João Botelho, como consequência da ruptura na linearidade da narrativa fílmica. A partir dessa investigação, explicamos também de que maneira o filme dialoga com a obra e com outras referências intertextuais presentes nela, por exemplo, as escritas por Victor Hugo, Spencer e Baudelaire. Para isso, realizamos leituras de textos pertencentes aos teóricos Robert Stam (2008), Linda Hutcheon (2013), Thomas Leitch (2004) e James Dudley Andrew (2002) que possibilitaram o embasamento deste trabalho. Portanto, a partir dessa análise, é possível identificar as relações imagéticas existentes entre o filme de João Botelho e a obra literária de Eça de Queirós, que revelam o funcionamento da sociedade portuguesa daquela época e a reconstrução dos elementos psicológicos característicos dos personagens.