Avaliação dos impactos energéticos e emissões dos veículos elétricos no cenário brasileiro de transição energética e de uso do bioetanol

Abstract

O setor de transportes se destaca no cenário mundial com parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa, atualmente cerca de 25% das emissões mundiais. Na conjuntura mundial de transição energética associada às mudanças da matriz para fontes renováveis, a eletrificação da mobilidade se mostra como uma das alternativas no sentido da mitigação dos impactos do aquecimento global. No cenário brasileiro, o bioetanol é amplamente utilizado em veículos flexfuel e corresponde a cerca de 35% do total da energia primária dos veículos leves. Além disso, o mix de geração de eletricidade do país compreende cerca de 83% de fontes renováveis, compostas basicamente por fontes hidráulicas, eólicas e biomassa, sendo razoável considerar a eletrificação do setor de transportes como uma das alternativas no sentido da sustentabilidade. O presente estudo pretende contribuir para o planejamento de políticas públicas no sentido da redução das emissões de gases de efeito estufa, ao analisar o potencial de aquecimento global relacionado ao ciclo de vida dos veículos leves de passageiros no cenário da matriz elétrica brasileira e uso de biocombustíveis, bem como, por meio da projeção de cenários da frota brasileira e inclusão de veículos elétricos e híbridos no longo prazo. Nesse sentido, foram utilizadas metodologias estatísticas aplicadas a séries históricas de dados e algoritmos de regressão para estimar a frota, além da abordagem de avaliação do ciclo de vida aplicada à fabricação e uso dos veículos e produção dos combustíveis visando estimar o potencial de aquecimento global. Os resultados da análise comparativa mostraram que os veículos com motores à combustão interna e híbridos abastecidos a bioetanol apresentaram as menores emissões por quilômetro rodado, em comparação aos veículos elétricos a bateria. A longo prazo, o cenário com maior participação do bioetanol se mostrou mais favorável à redução das emissões ao apresentar redução das emissões anuais em cerca de 53% no ano de 2050 em comparação ao ano de 2020. O cenário de maior eletrificação da frota se mostrou promissor em relação à mitigação das emissões com redução das emissões de gases de efeito estufa da frota em até 6% no ano de 2050. De uma forma geral, os resultados indicaram que investimentos voltados à ampliação do uso do bioetanol, bem como, a eletrificação da frota se mostraram como um caminho promissor no sentido da transição energética para fontes renováveis e voltada a descarbonização do setor de transportes no Brasil.