Fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis : um estudo transversal no Centro-Oeste do Brasil

Abstract

As infecções sexualmente transmissíveis (IST), particularmente o HIV, a sífilis, e as hepatites B e C, são altamente prevalentes no mundo. O objetivo deste estudo foi examinar o perfil sorológico para IST conforme o comportamento sexual e descrever o perfil sociodemográfico e epidemiológico dos usuários atendidos em um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) ou em campanhas realizadas pelo CTA. Trata-se de um estudo transversal realizado no CTA localizado no município de Rio Verde, Goiás, Brasil. Os dados retrospectivos foram coletados de formulários do Sistema de Informação do CTA (SI-CTA) de pacientes acompanhados no período compreendido entre janeiro de 2014 a dezembro de 2019. No total, foram incluídos 11.893 formulários SI-CTA na análise. Em relação à sífilis, 919/11.615 (7,91%) pacientes eram reagentes, dos quais em sua maioria homens (56,80%), autodeclarados como pardos (59,09%), com mais de 8 anos de escolaridade (51,25%), solteiros (44,71%) e estavam principalmente entre as idades de 20 e 29 anos (34,71%). Os indivíduos que relataram ter relações homossexuais (57,83%), múltiplas parcerias (85,40%) e uso de drogas (75,71%) foram mais frequentemente diagnosticados com a doença. Entre os homens que fazem sexo com homens (HSH), a prevalência de sífilis foi de 23,08%, a taxa de coinfecção pelo HIV de 29,76% e IST prévia, 37,63%. A prevalência de HIV na população foi de 2,67% (295/11032), dos quais a maioria era do sexo masculino (68,47%), solteiro (50,85%), pardo (66,10%), tinha entre 20 e 29 anos (34,24%) e mais de 8 anos de estudo (62,71%). 23,51% apresentaram IST prévia, 76,78% fizeram uso de drogas, 68,73% relataram relacionamento homossexual, 78,20% múltiplas parcerias. Entre os HSH, a prevalência de HIV foi de 19,05%, a taxa de coinfecção com sífilis 39,06%, IST prévia, 25% e os portadores de IST tiveram 5 vezes mais chances de ter HIV. Concernente às hepatites, a prevalência de hepatite C foi de 0,76% e de hepatite B, 0,92%. Em ambas as infecções, homens, relacionamentos homossexuais, foram os mais acometidos; sendo a população geral o principal recorte populacional. Em relação à idade, o HCV foi mais predominante em pessoas com 40 a 49 anos; já para o HBV, aqueles com mais de 50 anos tiveram uma maior concentração dos casos reagentes. Evidenciou-se alta prevalência de IST entre os pacientes atendidos no CTA de Rio Verde, GO, em especial em populações vulneráveis, como os HSH. IST prévia, homossexualidade, relações sexuais sem preservativo, uso de drogas e sexo com múltiplas parcerias sexuais parecem estar fortemente relacionados à transmissão destas IST na população estudada. Garantir o acesso aos serviços confidenciais de avaliação e aconselhamento dos CTA é de suma importância para conhecer a realidade e desenvolver abordagens de prevenção.