Ação comunicativa do agente comunitário de saúde e do agente de combate às endemias no Brasil e o enfrentamento da desinformação

Abstract

Esta tese tem por objetivo apresentar um estudo sobre a ação comunicativa do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e do Agente de Combate à Endemias (ACE) no Brasil, a partir de uma investigação sobre a desinformação no contexto da saúde coletiva. Este estudo foi realizado a partir de uma pesquisa sobre o perfil dos ACS e ACE, considerando o contexto onde eles exercem as suas atividades profissionais. A pesquisa considera três aspectos distintos: Conhecimento individual (ACS e ACE); Conhecimento de questões ligadas à equipe (equipes de trabalho do ACS e ACE); Conhecimento de questões ligadas às famílias assistidas (ACS e ACE em ação). Por meio de um levantamento nacional sobre o perfil dos ACS e ACE, observou-se a necessidade de sugerir o desenvolvimento de instrumentos de gestão da informação e do conhecimento que possam auxiliar no aprimoramento das competências e na atuação dos ACS e ACE, no que se refere ao uso da informação. Foi possível averiguar as habilidades do ACS e ACE em filtrar informações, com vistas a combater a disseminação de falsas notícias que são veiculadas nas redes e mídias sociais que esses profissionais utilizam no exercício de suas funções. Com abordagem quantitativa e qualitativa a pesquisa fez uma ampla abordagem, abrangendo ACS e ACE das 26 unidades federativas e do Distrito Federal buscando comprovar a necessidade de implementar métodos mais eficazes voltados às práticas de comunicação comunitária para o combate à desinformação. Esse trabalho está fundamentado numa pesquisa em processo, realizada em parceria com a Rede Brasil de Gestão da Informação e Tradução do Conhecimento, intitulada “ESTUDO MULTICÊNTRICO SOBRE AS PRÁTICAS DOS AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS E DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO BRASIL”. Visando complementar esse trabalho e contribuir para a melhoria dos processos de comunicação dos agentes de saúde junto às populações por eles atendidas, o presente estudo teve início com a elaboração e aplicação de um questionário eletrônico preenchido por ACSs e ACEs de todo o país. A segunda fase foi realizada por meio de abordagem qualitativa, com entrevistas junto aos agentes de saúde com o objetivo de compreender como eles atuam, à luz dos referenciais teóricos que embasam a Ciência da Informação, Educação e Comunicação em Saúde. Para validar as respostas, de acordo com a significância estatística para as questões quantitativas, realizou-se o cálculo de duas amostras significativas aleatórias para os ACEs e ACSs, por Unidades Federativas, estratificadas por municípios, segundo a tipologia do IBGE. Para obter o dado referente ao tamanho da população abrangida no estudo, foi tomado como base o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Conclui-se que a atualização das práticas de comunicação comunitária pode contribuir para o enfrentamento da Desinformação no contexto da saúde coletiva no Brasil. Objetiva-se, a partir do resultado da presente pesquisa, comprovar que a desinformação foi responsável pelo agravo da pandemia do Covid-19 no Brasil, e pode acentuar os problemas causados por arboviroses no país. É possível definir, de forma estruturada, qualificada e baseada no conhecimento técnico-científico, a atuação do ACS e do ACE, de modo que esses profissionais possam realizar uma comunicação comunitária dentro de parâmetros mais seguros, evitando que falsas notícias interfiram no resultado do trabalho realizado junto à população. Sugere-se reorientar as práticas de comunicação desses agentes nas dimensões da informação, educação e comunicação em saúde, com foco nas Competências em Informação (CoInfo), a partir da Alfabetização Midiática e Informacional (AMI), para o enfrentamento da desinformação, nos processos de trabalho, e na atuação junto às famílias e comunidades.