Lutas pela resistência e processos de legitimação de contextos de formação de professores : sobrevivendo à cultura e tecendo possibilidades críticas

Abstract

A pesquisa desenvolvida busca valorizar as ações que geram resistência à crise formativa estabelecida no contexto da educação. Diante do declínio da formação cultural e científica, os Pequenos Grupos de Pesquisa (PGP), constituídos por membros da universidade e da escola em um contexto de formação de professores, surgem como alternativa que busca valorizar um projeto formativo crítico e autêntico, fomentando ações que criam um movimento de resistência, especialmente, na formação de professores. Nesse sentido, essa pesquisa tem como objetivo identificar as ações desenvolvidas nos PGP que viabilizam movimentos de resistência a uma lógica capitalista neoliberal. Para tanto, buscamos responder a seguinte pergunta: “No contexto educacional, especialmente na formação de professores, quais ações têm sido desenvolvidas historicamente nos PGP que viabilizam movimentos de resistência à lógica capitalista neoliberal?”. De natureza qualitativa e fundamentada epistemologicamente na dialogicidade de Paulo Freire, resgatamos nas memórias a história pronunciada por oito sujeitos que participaram de PGP. Os diálogos foram conduzidos no formato de entrevistas semiestruturadas e analisados a partir da perspectiva da análise de conteúdo. Os resultados mostram quatro características importantes para o desenvolvimento de um movimento de resistência na formação de professores: (1) ações formativas realizadas a partir da realidade concreta da escola; (2) organização formativa amparada por um coletivo e centralizada na práxis; (3) desenvolvimento de práticas de ensino balizadas sobre as perspectivas das questões sociocientíficas; (4) valorização da perspectiva dialógica. Por fim, entendemos que o contexto formativo de professores deve estar munido de esperanças para garantir forças não só para sobreviver as opressões, mas para superá-las. A formação de professores é um problema político e deve estar presente nas agendas críticas para que os sentidos de resistência sejam fortalecidos e não esmoreçam em meio às opressões sistêmicas.