Análise das formações discursivas sobre pessoas trans a partir das matérias sobre travestis e transexuais publicadas no Portal G1

Abstract

Esta dissertação articula teóricos e estudiosos das teorias de gênero e feminismos, do campo da comunicação e teorias do jornalismo com a análise dos discursos presentes nas matérias publicadas sobre pessoas transgênero (travestis e transexuais) no Portal de Notícias G1 entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020 e 2021. Mais especificamente, o objetivo é entender como os processos comunicacionais têm sido afetados pela normatividade cisgênero, e se isso interfere nos estigmas relacionados a pessoas transexuais e travestis, principalmente em matérias que tratam de contextos de violência. Parte-se do pressuposto que as práticas jornalísticas, fortemente vinculadas ao uso da objetividade, tendem a tornar a cobertura sobre travestis e transexuais majoritariamente vinculadas a estigmas de violência, seja de forma principal ou secundária. Isso limita a construção de matérias que proponham novos sentidos, e prejudica a desconstrução dos estigmas que favorecem as desigualdades de gênero. A pesquisa tem como abordagem teóricometodológica a análise de discurso de vertente francesa e partiu, especialmente, das interdiscursividades e dos silenciamentos para identificar os principais sentidos da cobertura sobre transgeneridades na imprensa. As três principais formações discursivas encontradas estão vinculadas aos temas direitos humanos, saúde, e violência e morte. Se os enunciados, em geral, parecem condizentes com a relevância das expressões das transgeneridades, as pautas deixam a desejar no quesito representatividade, partindo quase sempre dos mesmos enquadramentos.