Ampliando o movimento expressivo : ou sobre as poéticas para a criação da dança em contextos artístico-educacionais

Abstract

Partindo da afirmação de que a experiência com o movimento transforma a experiência docente, o estudo pressupõe que, mesmo para docentes sem formação na área de dança, o trabalho com esta prática no contexto da educação pode desenvolver metodologias pedagógicas e de engajamento para que a dança seja uma experiência interdisciplinar vivenciada na amplitude das capacidades expressivas do sujeito que processa o mundo em sua corporeidade perceptiva, em interação com o mundo de coisas e de pessoas. Com o objetivo principal de propor/analisar/vivenciar/dançar processos de criação coreográfica, a partir da experiência e das poéticas expressivas do corpo, a pesquisa referenda-se na abordagem fenomenológica, estendida ao movimento, para focar nos sujeitos que vivenciam o fenômeno da dança. Articulando a experiência perceptiva e sensorial do movimento com a compreensão do corpo vivo, o soma, estruturam-se poéticas para dançar com foco na poética da experiência, cuja condição passa pela aquiescência dos sujeitos para vivenciarem práticas de intercorporeidade, na poética imaginação, que movimenta as imagens e as metáforas para transver o mundo e criar a dança, e na poética da palavra, que mescla o gesto com a linguagem verbal escrita através de interpretações coreográficas que o corpo-livro recita. Os elementos fundamentais da dança (corpo-espaço-movimento) são os núcleos para análise dos processos de criação da dança no contexto educacional. Iniciando (no período de pré-pandemia) com uma experiência de formação continuada para professores da Secretaria de Educação do DF, com o curso Movimento, Arte e Expressividade na Escola - MAE, o percurso espiralado da pesquisa se desenvolve (durante pós-pandemia) com o Ampliando o Movimento Expressivo - AME, proposta desenvolvida com alunos da disciplina de Tópicos Experimentais em Artes Cênicas - TEAC, da Universidade de Brasília - UnB e através de experimentações artísticas realizadas pela pesquisadora, cujo envolvimento prático a coloca junto aos sujeitos da pesquisa, baseada na experiência pedagógica com arte/dança. Elementos simbólicos como a árvore da vida (poética da experiência), o papel (poética da imaginação) e o livro (poética da palavra) se entrelaçam na figura de Möbius para traçar os percursos da criação para o movimento, que apesar de transitório e intangível, encontra nos objetos, nas artesanias e nas espacialidades, a materialidade da experiência com a dança. No encontro distante de corpos isolados pela pandemia, um jardim de possibilidades criativas cresceu e fez brotar outros sentidos da presença-ausência instaurada. O corpo que somos se volta para aquilo que desperta a sua atenção e descobre as asas para criar o seu VoarDançar.