Risco cardiometabólico de bombeiros militares de ambos os sexos e sua associação com o estilo de vida, saúde e trabalho

Abstract

Introdução: A alta sobrecarga cardiovascular associada à profissão de bombeiro e o aumento da prevalência dos fatores de risco para doenças cardiometabólicas (FRDCM) na população em geral orientam atenção especial nesta força de trabalho. Objetivo: Descrever e avaliar a prevalência de fatores de risco cardiometabólicos em associação com características sociodemográficas e laborais, qualidade de vida, bem-estar, qualidade do sono, dieta, aptidão física e nível de atividade física, em bombeiros militares do Distrito Federal de ambos os sexos. Métodos: 247 bombeiros, sendo 27,5% (n=68) mulheres (36,3 ± 7,2 anos) e 72,5% (n=179) homens (41,6 ± 9,1 anos), foram avaliados por meio de questionários online, traduzidos e validados. Foi avaliado e estratificado o risco cardiovascular segundo diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM). A qualidade de vida foi avaliada por meio do EUROHIS-QOL-8-ITEM. O bem-estar foi avaliado pela WHO-5. Empregou-se o PSQI para avaliar o sono e o MDS para a adesão à dieta Mediterrânea. O nível de atividade física foi avaliado por meio do IPAQ e a aptidão cardiorrespiratória (ACR) foi estimada pelo protocolo sem exercício (questionário/ equação de predição). Resultados: Os FRDCM modificáveis mais prevalentes foram: hipertensão arterial (38,5%), hiperglicemia (30,8%) e hipercolesterolemia (20,2%). 75 participantes (30,4%) relataram desconhecer seu perfil lipídico e 58,7% não souberam reportar se a glicemia estava dentro ou fora da faixa de normalidade. A maioria dos participantes (52,6%) apresentou alto risco cardiovascular, sendo a proporção maior entre as mulheres (73,5%). Apenas 15,4% dos participantes eram sedentários e 45,7% da amostra foram classificados como aptos pela ACR. As mulheres apresentaram maior prevalência na redução da qualidade de vida, bem-estar, maior queixa de sono ruim e consumo de álcool. Quase toda a amostra fazia consumo de alimentos in natura semanalmente, assim como alimentos processados/ultraprocessados. Homens e mulheres apresentaram semelhança na adesão modera/alta à dieta Mediterrânea. Foram observadas associações significativas entre o grau de risco cardiovascular e as variáveis: obesidade, pressão arterial elevada, sexo, níveis de atividade física, aptidão cardiorrespiratória, qualidade do sono e bem estar. Conclusão: Os bombeiros militares avaliados apresentaram proporção preocupantemente elevada de FRDCM, assim como de alto risco cardiovascular. Nossos achados suportam a necessidade de estratégias de educação em saúde e de rastreio, prevenção e tratamento de FRDCM nesses profissionais, especialmente frente ao intrínseco elevado risco cardiovascular associado a esta profissão.