Características foliares em seis espécies do cerrado de ampla distribuição geográfica

Abstract

A área foliar específica (AFE), a densidade e o tamanho dos estômatos são atributos que afetam as taxas de trocas gasosas nas plantas. Essas características podem variar entre espécies ou até entre indivíduos da mesma espécie ao longo de gradientes biogeográficos ou de recursos e indicam os padrões de adaptação das plantas ao seu ambiente. Neste estudo foram avaliadas as variações nas características da folha, na morfologia dos estômatos e na fotossíntese de seis espécies que ocorrem na região de Boa Vista (RR), Brasília (DF) e Assis (SP) e que abrangem cerca de 24º de latitude. Nesses locais foram amostradas folhas (5 plantas/espécie) de Bowdichia virgilioides, Byrsonima coccolobifolia, Curatella americana, Roupala montana, Casearia sylvestris e Xylopia aromatica, para avaliar a fotossíntese máxima (Amax) e condutância estomática (gs), a área foliar específica (AFE), a eficiência no uso da água (WUE), densidade estomática, largura e comprimento do estômato, largura do poro estomático. A WUE e gs foram os caracteres que mais variaram (p>0.05) entre os indivíduos de uma mesma espécie que habitavam as áreas geograficamente distantes. O maior número de correlações significativas (p≤0.05) foi observada entre AFE e as características morfológicas dos estômatos (comprimento e/ou largura dos estômatos, largura do poro estomático), que sugere ajustes no balanço hídrico das espécies em nível local. Na análise ao longo do gradiente foi verificada a existência de correlações positivas entre AFE x densidade estomática (R2=0,717, p = 0,001), comprimento x largura do estômato (R2=0,874, p = 0.000), comprimento de estômato x comprimento do poro estomático (R2=0,636, p =0,005), Amax x gs (R2=0,474, p = 0,047), Amax x comprimento do poro (R2=0,568, p =0,014). Os resultados mostraram que embora ocorram variações locais nas características foliares, uma convergência pode ser observada em espécies de ampla distribuição ao longo do gradiente de savana. Em geral, os caracteres morfológicos se mostraram mais plásticos em relação aos caracteres fisiológicos estudados, o que pode ser considerado uma estratégia adaptativa importante para manter o equilíbrio das trocas gasosas e a economia de água por plantas nos diferentes ambientes de savana.