Diferenças de gênero nas barreiras à intervenção do espectador em situações de violência no namoro e sua relação com a empatia em adultos jovens : um estudo correlacional

Abstract

O presente estudo foi baseado na abordagem do espectador, cujo modelo teórico indica as influências e barreiras que interferem na ação de intervir para ajudar uma vítima em situação de emergência; e no conceito de empatia composto por três dimensões, afetiva, cognitiva e comportamental. Objetivou-se investigar as diferenças de gênero em relação às barreiras para intervir em situações de violência no namoro comparadas aos níveis de empatia, entre adultos jovens. Trata-se de uma pesquisa quantitativa com design correlacional. A amostra foi composta por 250 participantes, entre homens e mulheres, de 18 a 30 anos. Para investigar a probabilidade de intervenção, foi utilizada a Escala de Atitudes do Espectador em Situações de Violência no Namoro (ESPECTA-VN); e os níveis de empatia foram investigados pela Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI). Os participantes preencheram também um Questionário Sociodemográfico. Análises descritivas e correlacionais foram realizadas, com dados secundários, a fim de investigar como homens e mulheres reagem às influências inerentes às situações de violência no namoro (física, sexual e psicológica) e sua relação com os níveis de empatia apresentados. Os resultados não indicaram diferenças significativas entre homens e mulheres, frente às barreiras à intervenção, sendo, portanto, suscetíveis de forma similar. Nas situações com diferentes tipos de violência, foram encontradas diferenças significativas para situações de violência sexual e psicológica, indicando que homens e mulheres reagem de maneiras distintas em perceber essas situações. Em relação à empatia, para as dimensões Consideração Empática (componente afetivo) e Personal Distress (angústia pessoal) foram identificadas diferenças significativas; as mulheres tenderam a se preocupar mais com os outros; e em situações emocionalmente tensas, experimentaram mais angústia pessoal frente ao sofrimento dos outros. E no que concerne às diferenças de gênero, barreiras à intervenção e níveis de empatia, diferenças significativas negativas foram identificadas entre Personal Distress e a probabilidade de intervenção em violência física e psicológica, indicando que quanto maior o sofrimento pessoal, menor a probabilidade de intervir nessas situações. A Consideração Empática e a Tomada de Perspectiva do Outro (componente cognitivo) não aumentaram a probabilidade de intervenção nas situações de violência nos três tipos de violência investigados. Neste estudo, a variável empatia não se mostrou associada à possibilidade de um espectador apresentar uma atitude favorável de intervir frente a situações de violência no namoro. Estudos futuros podem elucidar melhor essas relações, sobretudo com amostras representativas de gêneros, raças e orientações sexuais distintas.