Análise da função autonômica cardíaca e da resposta cardiopulmonar em praticantes de functional fitness training em diferentes condições funcionais : um estudo exploratório-descritivo

Abstract

Do ponto de vista de saúde cardiovascular, já está bem documentado que a prática do exercício físico promove adaptações positivas na função autonômica cardíaca e na atividade cardiopulmonar na população em geral com consequente redução de risco cardiovascular. As diferentes adaptações fisiológicas, em especial cardiovasculares, induzidas pelo exercício físico, quando avaliadas, podem ser considerados importantes marcadores clínico-funcionais. Neste cenário, as tendências fitness destacam o Functional Fitness Training (FFT) como uma modalidade emergente e uma possível alternativa de exercício físico para manutenção e promoção de saúde cardiovascular na população. Entretanto, ainda são incipientes os estudos que analisam minuciosamente as adaptações fisiológicas autonômicas e cardiovasculares decorrentes da prática exclusiva de FFT. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar as dinâmicas da função autonômica cardíaca e cardiopulmonares durante o repouso, nas diferentes fases esforço incremental máximo e durante a recuperação imediatamente após esforço em praticantes de FFT. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório realizado em indivíduos (n=17) do sexo masculino, clinicamente saudáveis e com idade entre 20 e 40 anos, atletas recreacionais de FFT (ex: Crossfit®). A função autonômica cardíaca foi avaliada por meio da variabilidade da frequência cardíaca (FC) (atividade, reatividade e reativação) e a resposta cardiopulmonar avaliada por meio das trocas gasosas (ergoespirometria). As variáveis relativas ao comportamento autonômico cardíaco (RMSSD e DFA alfa 1) e cardiopulmonares (FC, VO2, Pulso de O2 e VE/CO2) foram obtidas e analisadas em diferentes estágios do repouso (posição supina e ortostática), durante o esforço incremental máximo (momento inicial do esforço, nos limiares ventilatórios e no esforço físico máximo) e ao longo de 5 minutos de recuperação imediatamente após o esforço. Para análise dos resultados foi aplicada estatística não paramétrica ao nível de significância de 5%. Os resultados demonstraram que as dinâmicas dos índices autonômicos e cardiopulmonares, obtidos nas diferentes condições funcionais (repousoesforço-recuperação) apresentaram comportamento fisiológico esperado e seus valores variaram dentro dos intervalos de referência para a saúde cardiovascular conforme idade e sexo, independentemente dos períodos analisados. Ainda, com relação à interdependência das variáveis nas diferentes condições de análise (repouso e esforço), verificou-se correlação negativa entre a atividade parassimpática (RMSSD) no repouso supino com o VO2 no limiar ventilatório 2 (ρ= -0,67; p= 0,00) e correlações positivas entre a reatividade RMSSD após mudança postural no repouso e a atividade do DFA alfa 1 na posição supina com o VO2 no limiar ventilatório 2 (ρ= 0,55 -0,61; p=0,02 -0,01). As associações entre esforço e recuperação apresentaram-se negativas entre a FC no primeiro minuto de recuperação com o pulso de oxigênio no início do esforço, no limiar ventilatório 1 e no pico do esforço (ρ= -0,49 -0,62; p=0,00 -0,04). Por fim, um possível prejuízo na recuperação tardia da FC após o esforço foi observado nos praticantes de FFT. Dessa forma, conclui-se que as dinâmicas da função autonômica cardíaca e cardiopulmonares avaliados nas diferentes condições funcionais estão positivamente relacionadas com a saúde cardiovascular de atletas recreacionais de FFT.