http://repositorio.unb.br/handle/10482/49518
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2023_GeorgeLuizNerisCaetano_DISSERT.pdf | 2,49 MB | Adobe PDF | View/Open |
Title: | A memória oral-ancestral presente no cuidado à saúde: atravessamentos da sindemia de covid-19 nas práticas de cura de uma terapeuta popular do Distrito Federal |
Authors: | Caetano, George Luiz Néris |
Assunto:: | Covid-19 Sindemia Etnografia |
Issue Date: | 5-Aug-2024 |
Data de defesa:: | 11-Jul-2023 |
Citation: | CAETANO, George Luiz Néris. A memória oral-ancestral presente no cuidado à saúde: atravessamentos da sindemia de covid-19 nas práticas de cura de uma terapeuta popular do Distrito Federal. 2023. 168 f. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva) — Universidade de Brasília, Brasília, 2023. |
Abstract: | Nesta pesquisa, proponho-me a compartilhar as experiências e vivências com e de uma terapeuta popular, durante a sindemia de COVID-19, no território da Ceilândia (DF), a fim de refletir sobre os seus saberes-fazeres-práticas terapêuticos populares, acessados por meio da sua memória oral-ancestral, durante o momento de urgência sanitária. Pensando o mundo, a partir da casa da interlocutora, permito-me fazer andanças por narrativas periféricas, encontrando no outro fragmentos de mim e identificando o exótico no que é familiar, ao olhar como campo de pesquisa o território em que nasci. Apresento os desafios da etnografia, enquanto método científico qualitativo, pincelando as saias justas e jogos de cintura enfrentados, mas mostrando a riqueza de uma pesquisa que versa sobre o afeto, a emoção e o cotidiano. Guiado por um roteiro semiestruturado para coleta de dados, mostro a dinâmica do [re]pensar a sociabilidade do território, do campo e da casa em que estou inserido, registrando o curso da necropolítica do Estado Brasileiro em detrimento da comunidade periférica; mas não só isso, é uma pesquisa que adentra o terreiro da transformação e formação de identidades embaladas por rezarias, ladainhas, cantigas, toques e cuidados. Atravesso o luto, sinto a perda de uma matriarca que se torna guardiã dessa obra e gera no texto reflexões e críticas sobre o abandono e desserviços institucionais durante a sindemia. Sigo por vielas de uma jornada ancestral, buscando compreender o miúdo do itinerário terapêutico popular, acompanhado do referencial de Sônia Maluf, Rosamaria Carneiro, Soraya Fleischer, Stela Guedes Caputo e Lillian Pacheco. E, no rastro do trabalho de Silvia Maria Guimarães, vou puxando possíveis fios soltos e bordando minha pesquisa. Enxergo a força do feminino num território concreto e simbólico, marcado por saberes-fazeres-práticas de cuidado e cura, postos como resistência ao sistema biomédico e farmacológico. Diante dos erros e acertos, rascunho uma autoetnografia, inserindo-me em primeira pessoa, não mais singular, mas agora comunal, deixando o pesquisador de lado e sendo o morador que vive e sente a realidade descrita. Levantando reflexões e inquietações, propondo contribuir com quem veio antes de mim e que, primeiro fez suas andanças no campo das periferias e registrou a ressignificação do epistemicídio, a luta contra a tutela e subordinação das narrativas populares, o dessilenciamento das práticas milenares e o ressoar das territorialidades e identidades periféricas. Sou convidado (homem cisgênero, branco e acadêmico) ao diálogo, por uma mulher negra, periférica e protagonista de liderança comunitária que, a partir da sua relação com o sistema tradicional de saúde e a sua cosmologia ancestral, tem pensado, ao lado dos seus pares, estratégias de atravessamento à sindemia de COVID-19, articulando linhas de resistência à ausência do Estado e gerido respostas às demandas da comunidade em que está inserida. Aprendo sobre saúde, fora da saúde, longe do olhar hospitalocêntrico e prescritivo da biomedicina. Nessa andança pelo mundo do outro, que me cria e recria, vou descobrindo na casa da terapeuta popular um pedaço de mim, apresentando incontáveis resultados da pesquisa, dentre eles, a contribuição de pensar a importância da transferência e manutenção da memória oral-ancestral para o sistema terapêutico popular como ato antirracista e antihegemônico; além de apontamentos para a compreensão do papel da ancestralidade no ato terapêutico de cuidar e curar. |
Abstract: | In this research, I propose to share experiences with and of a popular therapist, during the pandemic of COVID-19, in the territory of Ceilândia (DF), in order to understand her knowledge-facts and popular medicinal practices, accessed through her oral-ancestral memory, during the greatest health emergency of the 21st century. Thinking about the world from the interlocutor's home, I allow myself to wander through peripheral narratives, finding in the other fragments of myself and identifying the exotic in what is familiar, when looking at the territory where I was born as a research field. I present the challenges of ethnography, as a qualitative scientific method, pointing out the tightrope walkings and waist games faced, but showing the richness of a research that deals with affection, emotion, and daily life. Guided by a semi structured script for data collection, I show the dynamics of [re]thinking the sociability of the territory, the field, and the house where I am inserted, recording the course of the necropolitical policies of the Brazilian State to the detriment of the peripheral community; but not only that, it is a research that enters the terreiro of transformation and formation of identities packed by prayers, litanies, songs, touches, and care. I go through mourning, I feel the loss of a matriarch who becomes the guardian of this work and generates in the text reflections and criticisms about the institutional abandonment and disservices during the pandemic. I follow it thread by thread, trying to understand the small part of the popular therapeutic itinerary, accompanied by the referential of Sônia Maluf, Rosamaria Carneiro, Soraya Fleischer, Stela Guedes Caputo, and Lillian Pacheco. And, in the wake of Silvia Maria Guimarães' work, I am pulling possible loose threads and embroidering my research. I see the strength of the feminine in a concrete and symbolic territory, marked by knowledge-doings-practices of care and cure, placed as resistance to the biomedical and pharmacological system. Facing mistakes and successes, I draft an autoethnography, inserting myself in the first person, no longer singular, but communal, leaving the researcher aside and being the resident who lives and feels the reality described. Raising reflections and concerns, proposing to contribute with those who came before me and who first made their wanderings in the field of the peripheries and registered the re-signification of epistemicide, the struggle against the tutelage and subordination of popular narratives, the desilencing of millenary practices, and the resonance of territorialities and peripheral identities. I am invited (a cisgender, white, academic man) to the dialogue by a black, peripheral woman and community leader who, from her relationship with popular medicine and her ancestral cosmology, has been thinking, along with her peers, of strategies to overcome the COVID-19 syndrome, articulating lines of resistance to the absence of the State and generating answers to the demands of the community in which she is inserted. I learn about health, outside of health, far from the hospital-centric and prescriptive view of biomedicine. In this wandering through the world of the other, which creates and recreates me, I am discovering a piece of myself in the house of the popular therapist, presenting countless results of the research, among them, the contribution of thinking about the importance of the transference and maintenance of the oral-ancestral memory for popular medicine as an anti-racist and anti-hegemonic act; as well as points for the understanding of the role of ancestry in the therapeutic act of caring and healing. |
metadata.dc.description.unidade: | Faculdade de Ciências da Saúde (FS) |
Description: | Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2023. |
metadata.dc.description.ppg: | Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Mestrado Profissionalizante |
Appears in Collections: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado UnB - Covid-19 |
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