Consumo de álcool no Brasil : prevalência e carga econômica

Abstract

O consumo de álcool na população brasileira representa um problema social que implica em adoecimento, morte e prejuízos financeiros. A tese desenvolvida teve como objetivo estudar o consumo de álcool na população brasileira de 18 anos e mais e o impacto econômico gerado por esse consumo. Foram desenvolvidos dois estudos. O primeiro se refere ao artigo de custos diretos e indiretos relacionados ao consumo de álcool. Trata-se de um estudo que englobou os dados de custos do Sistema Único de Saúde - SUS (dados de internações hospitalares e de atendimentos ambulatoriais) e de afastamentos em saúde registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no período de 2010 a 2018. O segundo estudo se refere aos dados de prevalência do consumo de álcool, que teve por objetivo descrever a prevalência do consumo semanal, mensal e abusivo de álcool na população brasileira e estimar a magnitude da diferença das prevalências entre 2013 e 2019. No Brasil, entre 2010 e 2018, o custo total atribuível ao álcool foi de Int$ 1.487.417.115,43, sendo Int$ 737.834.696,89 com gastos hospitalares, Int$ 416.052.029,75 com atendimentos ambulatoriais e Int$ 333.530.388,79 com absenteísmo no trabalho. Foi observado elevado Risco Atribuível Populacional (RAP) entre bebedores que consomem 12 gramas de álcool por dia, tendo em vista a maior prevalência desse grupo e entre bebedores que consomem 72 gramas por dia, devido ao elevado Risco Relativo (RR) associado a esse padrão de consumo. Com relação aos dados de prevalência, verificou-se aumento do consumo de álcool semanal, mensal e abusivo, com exceção do consumo semanal em homens. A Razão de Prevalência (RP) do consumo semanal (ambos os sexos) foi 1,02 (IC95% 1,014 – 1,026), e nas mulheres a RP do consumo semanal foi de 1,05 (IC95% 1,04 – 1,06). As maiores RP ocorreram para o perfil de consumo abusivo, tanto na população geral, quanto por sexo. O aumento do consumo semanal por região foi verificado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os resultados encontrados indicam que o consumo de álcool tem alta prevalência no Brasil e acarreta prejuízos financeiros e sociais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou estratégias e diretrizes para orientar os países como reduzir o consumo nocivo de álcool e os danos relacionados. O Brasil adota algumas políticas nacionais de enfrentamento do consumo de álcool em algumas áreas estratégicas, mas ainda é necessário maior investimento, controle, fiscalização e regulamentação.