Metodologia de avaliação da emissão incorporada de GEE no estoque de edifícios construídos.

Abstract

Introdução: A construção de edifícios é parcela relevante na emissão de gases de efeito estufa (GEE), mas carece de informações quanto às emissões de GEE embutida nos processos e seus elementos construtivos. Objetivo: Elaborar um fluxo metodológico para a avaliação do potencial de aquecimento global (PAG) no estoque de edifícios construídos no contexto brasileiro. Objetivos específicos: (i) Levantar as principais ferramentas de apoio à ACV para o contexto brasileiro; (ii) Verificar a maturidade de bancos de dados nacionais; e (iii) Utilizar tecnologia de nuvem de pontos no levantamento das tipologias. Método: A pesquisa está organizada em seis etapas. Inicialmente, (i) determina-se a área de estudo como a etapa 01 do Setor Noroeste, no Distrito Federal, para em seguida (ii) determinar quais são as tipologias edilícias para a análise, que neste estudo são três tipologias com diferentes áreas de projeções de plantas; posteriormente, é proposto o (iii) levantamento das características das tipologias; (iv) a extração e organização dos dados obtidos no levantamento; para (v) a realização da ACV das tipologias analisadas; e, por fim, (vi) a interpretação dos resultados obtidos na ACV para comunicá-los. Resultados: Observou-se o desconhecimento e carência de informações sobre potencial de aquecimento global advindo dos edifícios construídos no contexto brasileiro a partir da avaliação de alguns planos de mitigação climática de cidades. Outro ponto observado foi a existência de diferentes instrumentos de apoio à avaliação das emissões de GEE no setor da construção de edifícios no contexto brasileiro, porém ainda não há uma plataforma única consolidada para uso. Também se destacou a usabilidade da tecnologia de escaneamento a laser e nuvem de pontos para o levantamento de informações de edifícios construídos. A tipologia 1 (23 unidades) obteve como resultado da ACV o total de 2,85 kgCO2eq./m2.a, a tipologia 2 (51 unidades) obteve 5,30 kgCO2eq./m2.a e a tipologia 3 (11 unidades) obteve 5,85 kgCO2eq./m2.a, totalizando 400,2 kgCO2 eq./m2.a advindos dos edifícios residenciais da etapa 01 do Setor Noroeste-DF, considerando a vida útil de 50 anos. Comparando os resultados obtidos no estudo com a literatura, que apresenta o valor de 10 kgCO2eq/m2.a para o edifício residencial nas etapas A1-A3 para o contexto brasileiro, observa-se que os valores obtidos estão dentro do verificado. Outro resultado verificado foi a contribuição dos materiais de revestimento, como granito (tipologias 1 - 71%) e reboco (tipologia 2 – 33% e tipologia 3 – 50%) no potencial de aquecimento global verificado nas fachadas. Por fim, pondera-se que arquiteturas que consideram o uso racional de materiais contribuem com a construção de edifícios de menor emissão incorporada de GEE.