Intervenções tópicas para prevenção de síndrome mão-pé em pacientes com câncer em tratamento quimioterápico/terapia alvo : uma revisão de escopo

Abstract

A síndrome mão-pé, recentemente incluída no grupo de eritema tóxico das síndromes quimioterápicas, é uma toxicidade comum em pacientes que fazem quimioterapia, com incidência variando de 2% a 60%. Caracteriza-se inicialmente por parestesia que pode evoluir para dor em queimação, edema, eritema até descamação das palmas e plantas dos pés. Em casos mais graves, pode haver a formação de placas bolhosas. Dependendo da gravidade, a síndrome mão-pé pode levar à interrupção do antineoplásico, diminuição da qualidade de vida, bem como, comprometimento do desempenho do paciente em suas atividades de vida diárias. Entretanto, embora a ocorrência da síndrome mão-pé seja frequente com o uso de alguns agentes antineoplásicos, sua patogênese ainda não foi completamente elucidada. Em relação à prevenção da síndrome mão-pé, observa-se que diversas intervenções tópicas e parenterais têm sido analisadas, porém, os estudos atuais não permitem compreender a gama de intervenções disponíveis para prevenção de síndrome mão-pé. Assim, este estudo objetivou mapear as intervenções tópicas utilizadas para a prevenção da síndrome mão-pé em pacientes com câncer em tratamento quimioterápico/terapia alvo. Essa revisão foi escrita de acordo com as recomendações do PRISMA-ScR (extensão para Revisão de Escopo) e o Manual do Instituto Joanna Briggs. As buscas foram realizadas nas bases eletrônicas CINAHL, Cochrane CENTRAL, EMBASE, LILACS, LIVIVO, PubMed, Scopus, e Web of Science. A literatura cinzenta foi acessada através do Google Scholar e Pro-Quest, além de buscas adicionais nas listas de referências dos estudos incluídos. As buscas resultaram em 12.016 referências e a amostra final foi composta por 45 estudos. Dos 45 estudos levantados, 44% deles eram ensaios clínicos randomizados, e destes, 30% avaliaram o uso de fitoterápicos e 25% avaliaram o uso de ureia. Observou-se também que os estudos incluídos nesta revisão foram publicados nos últimos 20 anos, variando do ano de 2004 a 2023, com maior prevalência no ano de 2022. Com relação à região de origem dos estudos, houve um discreto volume maior de publicações em países do ocidente, com 51% dos estudos realizados nesta região. Dos cânceres citados, 24% eram de intestino/cólon/reto seguido por 20% de mama. Quanto ao tipo de quimioterapia, 71% dos estudos que citaram protocolos antineoplásicos, citaram a capecitabina. Com relação às escalas de classificação da síndrome mão-pé, dos estudos que citaram alguma, 59% utilizaram a CTCAE. Do total de intervenções mapeadas, 42 intervenções tópicas foram identificadas para prevenção da síndrome mão-pé, dentre elas: cremes hidratantes, corticosteroides, ácidos, mapisal, silimarina e henna. Entretanto, a ureia foi a intervenção mais citada (62%). Quanto às apresentações das intervenções, estas variaram entre cremes, pomadas, géis, hidrocoloides, decocções, adesivos, pós, óleos e sabões. Em suma, os resultados possibilitaram uma recensão acerca das intervenções tópicas, com destaque ao uso da ureia e cremes hidratantes como as intervenções mais estudadas. Esse estudo pode auxiliar pesquisadores na identificação de intervenções passíveis de serem avaliadas para a prevenção da síndrome mão-pé, a fim de que seja evitada a reprodução de estudos que avaliem intervenções que já tenham seu efeito bem elucidado pela literatura.