http://repositorio.unb.br/handle/10482/50038
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2024_JohnMayckAlvesFerreira_DISSERT.pdf | 975,11 kB | Adobe PDF | Voir/Ouvrir |
Titre: | Teoria dos atos de fala : paradigma e quebra-cabeças |
Auteur(s): | Ferreira, John Mayck Alves |
Orientador(es):: | Leclerc, André |
Assunto:: | Atos de fala (Linguística) Paradigmas Revoluções científicas |
Date de publication: | 20-aoû-2024 |
Data de defesa:: | 21-fév-2024 |
Référence bibliographique: | FERREIRA, John Mayck Alves. Teoria dos atos de fala: paradigma e quebra-cabeças. 2024. 110 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2024. |
Résumé: | Em sua obra A estrutura das revoluções científicas, Thomas Kuhn afirma que os paradigmas podem ser encontrados nas obras clássicas da ciência e, desde o começo do século XIX, também nos manuais. Trata-se de realizações que, por um lado, se tornaram hegemônicas numa comunidade científica particular e, por outro, legaram à posteridade não apenas teorias, métodos, instrumentos etc. — mas, sobretudo, quebra-cabeças, isto é, uma espécie de problemas científicos com soluções asseguradas e regras que determinam como se chegar a elas. Dito isso, esta dissertação de mestrado parte da hipótese de que John Austin estabeleceu, com sua teoria dos atos de fala, um paradigma tanto na linguística quanto na filosofia da linguagem que, como todo paradigma, legou à posteridade um conjunto de quebra-cabeças. A fim de confirmar essa hipótese, tentaremos então (1) rastrear alguns desses quebra-cabeças, (2) compreender como John Searle os soluciona e (3) verificar se, em muitos casos, o próprio Austin não dá indicativos de estar, ao menos parcialmente, ciente de sua existência. Daí não se segue, porém, que estejamos advogando uma falsa equivalência entre a filosofia, tão ferozmente movida por disputas argumentativas e desentendimentos conceituais, e a ciência, que somente progride avançando entre amplos consensos. Estamos sim levantando a hipótese — a ser oportunamente testada — de que alguns dos conceitos kuhnianos, particularmente os conceitos de paradigma e quebra-cabeça, são ferramentas úteis e flexíveis que podem muito bem ser empregadas na tentativa de melhor compreender o desenvolvimento de certos programas de pesquisa filosóficos como a teoria dos atos de fala, e é essa hipótese (ou chave de leitura) que guiará nossa interpretação das obras de Austin e Searle de que nos ocuparemos nesta dissertação. Sabemos que antes de distinguir os atos vereditivos, exercitivos, compromissivos, comportativos e expositivos, Austin distinguiu três tipos de atos de fala mais gerais, que são os atos locucionários, ilocucionários e perlocucionários. Assim o fez porque aqueles cinco primeiros são atos ilocucionários, o que significa que eles são atos de fazer algo ao dizer algo (ilocuções), e não apenas atos de dizer algo (locuções) ou mesmo atos de fazer algo por dizer algo (perlocuções). Ambas as distinções, no entanto, passam por uma importante revisão nas mãos de Searle, que substitui os vereditivos, exercitivos, comportativos e expositivos de Austin por seus assertivos, diretivos, expressivos e declarativos, bem como substitui os atos locucionários por atos proferitivos e proposicionais. Searle também elabora uma teoria das condições de sucesso (que, juntamente com a teoria das condições de satisfação, assemelha-se àquilo que Austin chamava de doutrina das infelicidades) constituída por regras e condições de conteúdo proposicional, preparatórias, de sinceridade e essenciais no lugar das regras/condição A.1–Γ.2. Ademais, não obstante concorde com Austin que todo proferimento consiste na realização de uma ação, Searle sustenta que apenas uma classe restrita de proferimentos é performativa, a saber, a classe daqueles proferimentos que Searle assimila aos atos declarativos com dupla direção de ajuste. Para concluir, o objetivo último desta dissertação é mostrar que todas essas alterações na teoria dos atos de fala resultam das soluções propostas por Searle para alguns dos mais importantes quebra-cabeças legados à posteridade pelo paradigma austiniano. |
Abstract: | In his work The Structure of Scientific Revolutions, Thomas Kuhn says that paradigms can be found in the classics and, since the early 19th century, also in textbooks. They mainly consist of achievements that, on one hand, have become hegemonic within a particular scientific community and, on the other, have left to posterity not only theories, methods, instruments, etc. but above all puzzles—a kind of scientific problems with assured solutions and rules that determine how to reach them. That being said, this master's thesis is based on the hypothesis that John Austin established, with his theory of speech acts, a paradigm in both the philosophy of language and linguistics that, like any paradigm, has left a set of puzzles to posterity. To confirm this hypothesis, I will attempt to (1) trace some of these puzzles, (2) examine how John Searle solves them, and (3) verify if, in many cases, Austin himself gives any indication of being at least partially aware of their existence. Nonetheless, this does not imply that I am advocating a false equivalence between philosophy, which is fiercely driven by argumentative disputes and conceptual misunderstandings, and science, which only progresses through broad consensus. I am just raising the hypothesis (to be tested in due course) that some of Kuhn's concepts, particularly the concepts of paradigm and puzzle, are useful and flexible tools that can certainly be employed in attempting to better understand the development of certain philosophical research programs such as the theory of speech acts. It is this hypothesis (not to say this compass) that will guide my interpretation of the works of Austin and Searle that I will be engaged with in this thesis. One knows that before distinguishing verdictives, exercitives, commissives, behabitives, and expositives, Austin distinguished three more general kinds of speech acts: the locutionary acts, the illocutionary acts, and the perlocutionary acts. He did so because those first five acts are illocutionary acts, meaning that they are acts of doing something in saying something (illocutions), not just acts of saying something (locutions) or even acts of doing something by saying something (perlocutions). Both distinctions, however, undergo a significant revision in Searle's hands, who replaces Austin's verdictives, exercitives, commissives, bahabitives, and expositives with his assertives, directives, expressives, and declarations, as well as he replaces the locutionary acts with utterance acts and propositional acts. Searle also develops a theory of conditions of success (which, along with the theory of conditions of satisfaction, resembles what Austin referred to as the doctrine of the infelicities) constituted by propositional content conditions, preparatory conditions, sincerity conditions, essential conditions, and their corresponding rules in place of the rules/conditions A.1-Γ.2. Furthermore, although agreeing with Austin that every utterance consists in performing an action, Searle contends that only a restricted class of utterances is performative, namely, those utterances that he calls “declaratives”. In conclusion, the ultimate goal of this thesis is to demonstrate that all these changes in the theory of speech acts arise from Searle's solutions to some of the most crucial puzzles inherited from the Austinian paradigm. |
metadata.dc.description.unidade: | Instituto de Ciências Humanas (ICH) Departamento de Filosofia (ICH FIL) |
Description: | Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Filosofia, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, 2024. |
metadata.dc.description.ppg: | Programa de Pós-Graduação em Filosofia |
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Collection(s) : | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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