O bailar da elite em cinco atos : poder, qualidade de vida, verticalização, franjas urbanas e centro

Abstract

A tese tem por objetivo analisar a movimentação habitacional da “elite” em Goiânia/GO, de modo a identificar as características espaciais e sociais da cidade que dialogam com a mobilidade habitacional refletida no comportamento do mercado de imobiliário, observando critérios de composição, necessidades, preferências e características espaciais. O problema norteador localiza-se na dinâmica de ocupação do solo urbano, fruto da divisão de classes, que produz um assentamento estratificado e segregado. A partir da premissa de que a forma construída da cidade afeta seu desempenho, assume-se que: a) a localização e a acessibilidade perfazem elementos relevantes na valorização, distribuição e ocupação do solo; e b) o consumo deste ocorre motivado pelo lucro. A investigação ampara-se nas estratégias da Teoria da Lógica Social do Espaço (Sintaxe do Espaço), por meio do confronto de dados configuracionais, especialmente aqueles relacionados ao mercado imobiliário, e pela construção da Carreira Habitacional, na visualização dos movimentos, escolhas, atributos e definição do percurso de moradia do grupo analisado. Os resultados obtidos permitem identificar 5 movimentos e localizações da elite diacronicamente, em Goiânia: 1) fundação: em sobrados próximos à Praça Cívica; 2) expansão inicial: em sobrados e pequenos edifícios nos setores contíguos ao centro; 3) verticalização: em edifícios multifamiliares elevados, ainda em setores centrais; 4) periferização: para condomínios horizontais dispostos nas franjas urbanas; e 5) verticalização acentuada: conformada nos condomínios-clube, em movimento de retorno ao centro. A leitura configuracional ao longo do tempo confrontada com os cinco momentos apontou que a elite desloca-se buscando áreas de acesso facilitado, entretanto, com garantia de privacidade: os empreendimentos concentram-se nos arredores de vias estruturadoras, em que a própria noção de centralidade/periferia é discutida. Os elementos motivadores para o deslocamento habitacional da elite centram-se, além disso, em alguns pilares básicos, que dialogam com a dimensão morfológica: segurança, localização, exclusividade e poder, traduzidos como qualidade de vida. Os espaços ocupados são expressivos, complexos e tecnológicos, com áreas íntimas privativas, e áreas sociais e de lazer integradas à natureza. A elite, portanto, sendo detentora de capital econômico, tem o poder em comandar a dinâmica urbana, cabendo-se o privilégio de escolha tanto locacional quanto do empreendimento específico. Os custos para essa liberdade, entretanto, são compartilhados. O balé – e o protagonismo – é simultaneamente restrito, sedutor e excludente.