Práticas discursivas de fé e religiosidade : uma perspectiva autoetnográfica sobre a Congada de Catalão-Goiás

Abstract

A congada é uma manifestação popular que tem suas raízes em aspectos culturais africanos que muito se desenvolveram no Brasil. É uma dança que mistura elementos africanos, indígenas e europeus. Essa arte acontece, tradicionalmente, todos os anos em festas populares e nas mais diversas celebrações religiosas do país. A congada tem sua origem em formas ritualísticas e tradições trazidas pelos negros em situação de escravização durante o período colonial dessa terra Brasilis. Considerando esse contexto, este trabalho tem como objetivo relatar as construções discursivas que envolvem fé e religiosidade mediante o olhar autoetnográfico sobre a congada que acontece na cidade de Catalão-Goiás. Defendo a tese de que os discursos que envolvem esses aspectos de fé e religiosidade de uma comunidade cultural como a congada catalana se constitui pelo desenvolvimento de atores sociais por meio dos afetos no seio familiar e a partir das expressões de pertencimento a fé que se dá pelo viés das internalizações dos credos, das canções, dos rituais na entidade divina e nas ações sincréticas. Para demonstrar essa tese, serão analisados relatos da minha vivência enquanto participante dessa festividade (como capitão) e discursos das canções do Catupé Amarelo de 2015 a 2022. Logo, o corpus do presente estudo é constituído por um relato autoetnográfico que descreve essa congada e por novas letras de canções da congada. Com o intuito de alcançar a tese, definirei o processo metodológico que está inserido na pesquisa qualitativa, que se constrói a partir de uma perspectiva sócio-etnográfico discursiva. Nesse contexto, é importante explicar que utilizei como aporte metodológico os estudos defendidos pelos estudiosos da Análise do Discurso Crítica (ADC),, especialmente, em Fairclough (1992, 1995, 1999, 2000, 2003, 2006), Halliday (1994), 1985, 1978), Van Dijk (1998), bem como os pensadores que discutem as noções de pesquisa etnográfica como Geertz (1989), Marros e Castro (2011), Laplantine (2004), Ferreira (2014). À guisa de conclusão, apresentei algumas considerações acerca dos resultados obtidos nos encaminhamentos da presente pesquisa sobre a congada catalana.