Diplomacia e forças armadas : percepções de ameaças no entorno andino-amazônico

Abstract

Segurança e defesa, embora questões de grande relevância para um país que almeja maior inserção no cenário mundial, não ocupam, ainda, o devido espaço na agenda nacional. A condição de país pacífico, distante dos principais focos mundiais de tensão, contribuiu para disseminar o pensamento de que o Brasil não possui inimigos claros e definidos e que, portanto, pode prescindir de Forças Armadas fortes e conduzir sua política externa ancorada, sobretudo, na ação diplomática, pautada pelos princípios da não-intervenção e autodeterminação dos povos, promovendo a solução pacífica de controvérsias e a harmonia, sempre em respeito às normas internacionais. O objetivo deste trabalho é apresentar as percepções de ameaças à segurança e defesa do Brasil na visão dos diplomatas e dos militares, delimitado no espaço conformado pela região andino-amazônica, bem como conhecer o grau de interação entre esses dois atores, responsáveis pelas principais políticas que projetam o país na cena internacional. Após resgatar as transformações ocorridas no sistema internacional com o fim da guerra fria e seus reflexos nos conceitos de segurança e defesa, delineou-se, primeiro, os principais problemas de segurança da Região Andina e da Amazônia, para, então, identificar-se a posição dos militares e dos diplomatas frente a essas questões. Concluiu-se que as percepções de ameaças se aproximam, mas suas posições e valorações frente às ameaças discerníveis oferecem dissonância, bem como a articulação e a comunicação entre as duas burocracias reclamam maior efetividade. A aproximação das políticas externa e de defesa e o reconhecimento do papel das Forças Armadas como respaldo da diplomacia poderão contribuir, inclusive, para o projeto de integração regional, plataforma a partir da qual o país encontra mais espaço para ocupar posição de liderança no subcontinente e para atuar como global player. _________________________________________________________________________________ ABSTRACT

Security and defense are very importatnt issues to be faced by a country that seeks greater integration into the international scenario. Yet, they haven’t occupied the adequate space in Brazil’s governmental agenda. The fact of being a peaceful country and distant from world's main sources of tension has helped to disseminate the idea that Brazil does not have clearly defined enemies and can therefore dispense strong Armed Forces and conduct its foreign policy anchored mostly in the diplomatic action, guided by principles of non-intervention and peoples self-determination, promoting the peaceful settlement of disputes and harmony, always in compliance with international law. The purpose of this work is to present diplomats’ and militarary’s perceptions with regard to threats to Brazil’s security and defense in the Andean-Amazon region, as well as to analyse the degree of interaction between these two main actors responsible for the policies that should project the country in the international dimension. After identifying the changes in the international order with the end of the Cold War and its impact on the concepts of security and defense, the main security problems in the Andean Region and Amazon were outlined and the perceptions of military and diplomats in relation to those issues were indicated. The conclusion was that their perceptions of threat are similar, but their values and positions related to the discernible threats are different, as well as that articulation and communication among the two bureaucracies require greater effectiveness. The alignment of foreign and defense policies and the recognition of the role of the Armed Forces to support diplomacy can help to develop the project of regional integration, from which the country can build its leadership role in the subcontinent and act as a global player.